A Jogada de Thalli

Peão - 16 - De jeito nenhum

- Até amanhã, Soha!

- Até, Thalli!

Chegando à minha casa, como de costume, minha mãe estava preparando o jantar. Meu pai ainda não voltou.

- Oi, mãe! Hmm que cheiro bom!

- Ah! Oi filho. Me desculpe. Hoje só tem a sopa. Não consegui o pão.

- Tudo bem, mãe. Vou estudar enquanto fica pronto.

Minha mãe está ficando cada vez mais magra. Seu rosto não parece saudável. Em vista do que vi hoje, parece que a Cidade está afetando negativamente a vila.

As contas que não batem, o pedido cedo da remessa, aquele cara junto com Jolin... Hmmm... preciso investigar mais.

Não seria bom para a Cidade que arruinasse a nossa vila. Assim cessariam as remessas. A única explicação é alguém roubando nossa carga e a Cidade ter solicitado remessas adicionais por algumas vezes.

Devo confirmar com a senhora Finarla. Quanto à dívida com Jolin eu tenho algumas idéias. Se eu não arregaçar as mangas agora pode ser tarde demais para a vila.

- Fanar.

- Oi, querido. Como foi a caçada?

- ... Trouxemos o que deu.

- ... Bem. O jantar já está pronto. Vamos comer?

Meu pai se senta à mesa em silêncio, pega sua porção e começa a comer. Eu também me sentei de frente para meu pai e minha mãe senta em seguida.

- Pai. Posso ir com você na próxima caçada?

- O que?! Não! De jeito nenhum! É muito perigoso!

- Filho... você não lembra da última vez que foi à floresta? Não tem só animais dóceis lá. Existem monstros. - disse minha mãe preocupada.

- Mas eu quero ajudar. Juro que só vou observar de longe como fazem.

- ... Não! E fim de conversa!

Droga! Preciso pensar em um jeito. A dívida que a vila fez foi em alimentos. Iria demorar muito para pagar isso com vegetais. Até preparar a plantação para produzir mais e colher, o Jolin não irá esperar. O jeito é a caça.

Pensa, pensa... não dá. Vou dormir. Terminei de comer. E fui me deitar. Não consigo parar de pensar em uma solução para isso. Preciso dormir... hmmm... E se? Não. Seria muito arriscado. Será?