Torre - 08 - O que eu fiz com minha mãe? (Soha)

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(Versão Soha)

- Senhora! Eu também quero ir nessa viagem!

A senhora Finarla levanta a cabeça, assustada, olhando para mim e então passou a fitar o Thalli. Claro! Como que o Thalli que acabou de ter seu primeiro aniversário pode sair da vila e eu não posso?! Eu tive meu aniversário antes dele! Alguns meses antes... O Thalli parece estar sem graça, sem conseguir olhar pra ela.

- Soha. Não.
- Mas mã... senhora!
- Se não for me obedecer vai ficar de castigo!
- Ugh...!

Eu odeio ficar de castigo! Daquela vez que fomos na floresta também fui deixada de castigo, sem poder sair de casa. Normalmente a senhora Finarla me deixa brincar pela vila quando eu quisesse, desde que eu esteja em casa ao anoitecer, mas ela nunca me deixou entrar na floresta ou sair da vila. Acho que tenho uma vida boa aqui, mas sempre quis conhecer o que havia lá fora. Não deve ser tão perigoso quanto os adultos dizem.

Eu larguei então os braços de Thalli e triste pelo meu pedido não ser aceito, fui para meu quarto. Ainda ouvi ela gritando algo com Thalli, mas não consegui ouvir direito o que era. Acho que coloquei ele em uma encrenca. Desculpa, Thalli.

Ontem, quando acordei, não consegui entender nada. Eu só lembro de ter ido dormir na minha cama e então quando acordei estava na cama dela. Na minha cama estava senhor Thorel com o pescoço enfaixado. Me aproximei dele e parecia que ele estava em um sono bem profundo.

Após conversar com Thalli, parece que tinha acontecido algo na casa e ninguém queria me contar, mesmo ele. Eu devo ter dormido que nem uma pedra e por isso...

(Soo....ha.....a, na...........ão!)

O que?! O que foi isso?! Do nada me veio uma imagem de um homem à minha frente e o tempo se passava bem lentamente. Aquela era a voz do Thalli? A imagem então cessa, como uma lembrança em pedaços. O que foi isso?!

Eu não sei se isso foi uma lembrança ou simplesmente fruto da imaginação. Só sei que isso me deixou com uma sensação estranha. Eu preciso perguntar ao Thalli o que houve na minha casa. Saí então do quarto e voltei para a sala. Ao entrar o Thalli já não estava mais.

- Hum? O que foi, Soha? Eu já disse que você não vai à viagem.
- Hmmm... não. Não é isso. - Acho que vou perguntar pra ela mesmo. - Senhora? O que aconteceu ontem nessa casa?
- Ahh... esqueça isso. Já está resolvido. Não há nada que precise se preocupar.
- Como assim mãe! Algo aconteceu aqui e ninguém quer me contar o que houve! O senhor Thorel se machucou e você me diz que não preciso me preocupar?!
- EU-NÃO-SOU-SUA-MÃE! Quantas vezes vou ter que dizer isso?!
- Ugh...!
- Sim! O que aconteceu já está resolvido! Você só precisa se preocupar com o seu futuro! E a sua segurança!
- Mas mãe!
- Hum!

Ela então se levantou da cadeira e andando forte em minha direção levantou seu braço. Eu esperei pelo tapa que ia levar em seguida, colocando força no meu corpo, virei meu pescoço e fechei os meus olhos com força. (...) . Não senti... nada. Será que ela desistiu? Abri um dos olhos e eu vi... Ela está parada com o braço no alto. Espera... ela não está parada. Seu braço está se mexendo bem devagar em direção a mim.

O-QUE-ES-TÁ-A-CON-TE-CEN-DO?! Abri então o outro olho e comecei a observar aquela situação. Ela ainda está olhando pra mim com fúria e seu braço vindo em minha direção bem devagar. Ela não está fingindo nada. Cutuquei então a roupa dela, mas é bem difícil mover meu corpo e ainda difícil mover com o dedo aquela roupa que parecia feita de couro, mesmo sendo de pano.

A Jogada de ThalliOnde histórias criam vida. Descubra agora