A Jogada de Thalli

Peão - 24 - Photo... o que?

Estamos agora no pomar ao norte da vila. É onde minha mãe cuida também. Cada árvore tem uma família responsável, sendo que uma família pode cuidar de mais de uma.

- Filho! O que houve?! Senhora Finarla?! O que foi que aconteceu?

- Nada mãe. Só viemos ver como está o pomar. Como está indo?

- Ah... - ela olha para a senhora Finarla por um instante e volta a se dirigir a mim. - Só alguns insetos como sempre, mas está tudo bem.

- Tem surgido muitos? - indaga senhora Finarla.

- Nada que devemos nos preocupar, senhora. São os mesmos de sempre.

- Hmmm... tá bom então mãe. Bom trabalho! - dei um sorriso pra ela.

Ela parece um pouco melhor com a carne que recebemos outro dia. Infelizmente não foi o suficiente para distribuir a todos na vila. Continuamos conversando com o pessoal no pomar e eu tive certeza que o plano daria certo.

Algumas técnicas simples, sem a necessidade de expandir mais a área do pomar ou quantidade plantada podem ajudar a aumentar a produção. Nos afastamos do pessoal um pouco para explicar meu plano.

- Senhora. Podemos fazer pequenas melhoras aqui que podem ajudar.

- Sim. Me explique.

- Algumas podemos já começar a fazer, mas outras seriam necessários alguns preparativos.

- Desembucha garoto!

- Hehe. Com relação aos insetos podemos domesticar algumas aves para darem conta deles. Além disso podemos utilizar outros insetos e répteis, mas não sei se acharemos fácil.

- Que outros insetos?

- Aranha, por exemplo. Em certa quantidade habitando no pomar elas podem diminuir a quantidade de insetos que comem as folhas e os frutos.

- Aranha?! Aquele monstro enorme que vive nas cavernas?! Onde você viu um?!

- Errrr... melhor não usar então...

- Mmmmmm...

- E as aves? Podemos fazer casas para elas nas árvores e atraí-las com pequenas frutas.

- É possível.

- Certo... Também verifiquei que há pouca incidência de luz no pomar. Apesar de entrar alguns raios não é o suficiente. Podemos podar as árvores ao redor para melhorar a fotossíntese.

- Photo... o que?

- Ahem. Deixa pra lá. As árvores ficam mais felizes e produzem mais frutos com maior incidência do Sol.

- Hmmm... cortar as folhas no alto daria um certo trabalho, mas podemos preparar alguns para fazer isso.

- Ufa.

Expliquei também algumas outras técnicas como o raleio, em que se são colhidas alguns frutos defeituosos prematuramente para que os frutos saudáveis cresçam melhor e também a poda das árvores do pomar que faz concentrar melhor os nutrientes nos frutos. A senhora Finarla escuta tudo com atenção enquanto eu a explicava.

— E você teve essas idéias de onde?

— Errrr... - (da internet, quando estava aprendendo sobre ser vegana e métodos de cultivo sustentáveis) não posso responder isso. — Um espírito na floresta me contou.

Ahhhh! Que resposta idiota!

— Você falou com o espírito?!

O que?! Colou?!

- O que ele te disse além disso?!

- Errr... alguma coisa sobre encontrar peças.

- Entendo. Uma só vez o espírito falou comigo quando cheguei aqui. Ele me disse para aguardar aqui um tal de "Rei". Nunca ouvi falar nesse nome.

- Hmmm... mas o que será que isso significa.

- Eu não sei te dizer, mas eu encarei como uma missão. É o espírito da floresta, deve saber do que estava falando e ele confiou sua palavra a mim. Você também recebeu esta missão e sugiro que o cumpra. Me estabeleci aqui na área permanentemente para cumprir essa missão até que esse tal de "Rei" surja.

"Rei"... "Peças de Xadrez"... será que essa é uma das peças que devo encontrar? Enfim. Nos delongamos muito aqui. Acertei os detalhes com a senhora Finarla e ficou de começarmos a aplicar os métodos a apartir de amanhã. Estou esperançoso com o resultado.

...

Passaram-se algumas semanas e lá estava eu e a senhora Finarla batalhando contra os documentos.

- Senhora, o mercador voltou. - disse Thorel adentrando na sala.

- Thalli. Vamos lá. - disse senhora Finarla me olhando com sorriso maléfico.

Devolvi o sorriso maléfico e fomos em direção à porta de casa.