Torre - 17 - O homem de meia-idade (Elly)

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(Versão Elly)

Eu estava brincando de pega-pega com outras crianças quando o tio me chamou. Ele não é meu tio de verdade, mas cuidou de mim quando meus pais morreram em um acidente nas minas. Eu tinha apenas 6 anos quando eles morreram.

...

Vivíamos em Orahere, uma vila próxima à Cidade da Águias. Meus pais viviam atrás de trabalhos para podermos passar o dia. No começo eles revezavam para ficar ao menos um comigo, mas quando já tinha 5 anos, saiam os dois para trabalhar e me deixavam com esse tio e a mulher dele que eram nossos vizinhos.

Às vezes ficavam dias sem voltar, mas mesmo cansados do trabalho conversavam e brincavam comigo até a hora de dormirmos juntos naquele chão forrado de pano que chamávamos de cama.

— Elly, quando você crescer, vamos estar morando em uma casa beeeem maior que essa e vamos comer um mooooonte de comida juntos todo dia.
— Sim, papai! — Eu dava um sorriso pra ele e o abraçava bem forte.
— Huhu. — Minha mãe sorri brevemente. — Tomara que Elly cresça forte que nem o pai.
— Já sou muito forte, mamãe! Olha! — Agarrava meu pai com mais força ainda.
— Ugh! Socorro! Socorro! Hahahahaha! — Meu pai se contorcia, dava tapinhas no braço e ria.
— Haaaaa! — apertava mais ainda.
— Huhu. Solte seu pai, Elly. Com tanta força assim você vai deixar seu pai sem poder ir trabalhar amanhã. — Ela dizia sorrindo e colocando a mão na boca.
— Não vou soltar! Haaaaa!
— Ugh! Ah é! — Meu pai então começou a me fazer cócegas.
— Hahahahaha! Hahahaha! Tá bom! Parei!
— Vamos dormir querido. Já está tarde.
— Tá bom, mamãe. Boa noite.
— Boa noite, filho.
— Boa noite, Elly.
— Boa noite, papai.

...

— Elly, vamos. Eles já estão esperando.
— Pra onde vamos, tio?
— Apenas venha. Já não basta o trabalho que você me dá depois que seus pais morreram.
— Táaa boom.

Me despedi das crianças e segui o tio pra dentro da casa onde eu morava agora. Fui apresentado a um humano de meia-idade junto com dois caras que portavam espadas.

— Hum. Parece saudável. — Ele ficou me olhando da cabeça aos pés.
— Então...? — O tio indagou esse cara.
— Fechado. Vamos levá-lo. O preço fica como o combinado?
— Sim, claro. Muito obrigado. Muito obrigado.
— Tio? O que tá acontecendo?
— Elly. Agora você vai ter que ir com eles, está bem?
— Mas eu combinei de brincar com os meninos amanhã também..
— Chega, Elly! Não quero mais ouvir seus egoísmos. Agora arrume suas coisas!
— Mas...
— Mas nada! Vá agora!

Sem entender o que estava acontecendo, arrumei minhas coisas e fui levado por esse humano. Não entendi mais ainda quando fui colocado em uma gaiola, dentro de uma carroça. Eu só queria que alguém me explicasse o que estava acontecendo ali.

A carroça partiu e depois de alguns minutos eu via, pela fresta do toldo, a vila que eu vivi por 7 anos, ficando cada vez mais longe. Não sei quanto tempo se passou desde então, mas já estava escurecendo quando comecei a ouvir barulhos de pessoas falando e a carroça parou. Ouvi a voz daquele humano falando algo lá na frente e em seguida a carroça partiu novamente.

Pela fresta eu vi que atravessamos um portão de madeira. Eu vi pessoas falando do lado de fora e pela fresta passam outras pessoas também. Depois de um tempo paramos.

— Garoto. Pode sair. — Um dos humanos wue acompanhava o cara de meia-idade, abriu a gaiola e me deixou sair.

Dentro da carroça havia apenas umas duas sacolas jogadas em um canto e duas gaiolas, incluindo a que eu estava. Saí pela fresta do toldo e estávamos em outra vila que eu não conhecia.

A Jogada de ThalliOnde histórias criam vida. Descubra agora