Peão - 03 - Não é alfabeto romano

75 9 0
                                    

O tempo passou. Já fiz xixi em pé (importantíssimo relatar isso) e já tenho 5 anos. Uma coisa que eu não entendia era por que eu conseguia entender o que meus pais falavam já que eu era apenas um bebê. Tentei procurar alguma coisa pra ler, mas em casa não tinha nada assim.

- Pai. Você pode me ensinar a ler?

- Thalli. Seu pai não sabe. Por que quer aprender?

- Eu queria saber por que tanto a senhora Finarla fica brincando com aquelas folhas cheias de letras. Deve ser divertido.

- Hmmm... Vou falar com o amigo do papai.

- Obrigado, pai!

A senhora Finarla é a líder da vila. Saí por várias vezes para "brincar" e vi que muitos queriam conversar com ela o tempo todo. Eu queria saber como era o lugar onde eu morava. A região, a cultura, o trabalho... Era tudo novo pra mim, nesse mundo novo. É claro que eu sei que aquelas eram algum tipo de documento ou carta que chegou à vila. Mas ainda não entendia por que conseguia desde cedo a entender o que as pessoas falavam.

Dias depois meu pai apareceu com o senhor Thorel. É um cara que quando está na vila, vive do lado da senhora Finarla, mas quase nunca está na vila. Ele deve fazer algum tipo de trabalho fora da vila.

- Thorel. Este é meu filho, Thalli. Veja se ele tem jeito.

- Oi senhor Thorel. Eu queria aprender a ler igual à senhora Finarla.

- Olá Thalli. Eu tenho alguns dias na cidade, então posso te passar algumas coisas.

- Thorel? Você por aqui.

Minha mãe entra em casa. Ela estava no pomar. Estava quase na hora da janta então minha mãe o convidou a se sentar conosco. Ela serviu uma sopa de vegetais sem sal e pão. Para beber era leite de um animal do vizinho. Nunca reconheci que animal era. Após a janta o senhor Thorel me mostrou uma folha e me deu uma tábua de madeira e um pedaço de uma pedra que parecia giz. Hmmm... Não é alfabeto romano. Claro.

O senhor Thorel passava todo dia para me ensinar e fui aprendendo até que rapidamente. As palavras e gramática pareciam com a minha língua anterior, mas eram um tanto diferentes. Seria algo como a diferença que uma pessoa que fala português sente ao ouvir espanhol. Quando bebê, devo ter ouvido com estranheza, e apesar de ter pouco entendido, meu cérebro deve ter feito o restante do trabalho.

- Agol. Seu filho aprendeu bem rápido. Não ensinei tudo ainda, mas vou falar com a Finarla sobre isso. Quando eu voltar da próxima viagem continuaremos.

- Obrigado Thorel.

A Jogada de ThalliOnde histórias criam vida. Descubra agora