Capítulo 87

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Narradora On.

Terça feira, mais uma tarde de estudos com Roy. Anne tirou um cochilo com Gilbert e quase se atrasou para ajudar o garoto em suas dúvidas na matéria de História. Quando acordou, foi em um pulo organizar suas coisas e ir até a biblioteca onde ele estaria esperando por ela. Anne e Gilbert quase tiveram uma discussão sobre aquilo, pois ele disse Roy estava tomando muito do tempo dela, mas a ruiva bateu o pé e disse que queria ajudá-lo pois podia ver a mudança dele, e queria ser responsável por alguma coisa positiva no caráter dele. Ajudar ele o faria perceber que pessoas são capazes de perdoar e pagar o mal com o bem, mesmo com quem as machucou.

Gilbert afirmou que queria apenas protegê-la, pois o garoto não era tão confiável, já magoara Anne, e também não acreditava muito no arrependimento dele.
Para evitar uma briga sem sentido, não disse mais nada, muito menos ousou contrariar a ruiva, então concordou e se calou.

Depois de inúmeros avisos, Gilbert cansou de falar para Anne que não devia confiar tanto assim em Roy, por isso somente torcia para que nada de ruim magoasse sua ruivinha outra vez, ou não seria capaz de responder pelos seus atos.

Chegando na biblioteca, Anne se sentou na mesa que usavam todos os dias e arrumou os cadernos, livros e agenda, preparando para o estudo.
Roy em poucos minutos entrou, sorrindo para ela na porta quando a viu. A ruiva retribuiu o sorriso amigável e esperou que ele viesse até ela.

Roy: Olá, minha melhor professora.-Brincou e Anne riu.

Anne: Olá, meu melhor e único aluno.-Respondeu também brincando.

Depois de passarem tanto tempo juntos, Anne aprendeu a gostar da companhia de Roy de novo, ele era uma boa pessoa, só precisava de incentivo. Como ela já imaginava, nenhum sentimento amoroso voltou, deixando-a feliz por perceber que o que sentia por ele naquela época, não era nada comparado ao que sente agora por Gilbert.

Roy: Trouxe café.-Falou balançando os copos que trazia nas mãos.-Não sei se você gosta, mas pedi para colocarem creme.

Anne: Uhm, obrigada. Eu gosto sim.-Agradeceu com um sorriso, pegando o café e colocando ao lado de seu celular.

Uma notificação apareceu na tela, e ela sorriu ao ver que era Gilbert se desculpando por ter iniciado uma discussão totalmente desnecessária em relação a como ela estava lidando com Roy, sua mudança e tudo. Na mensagem também disse que iria vê-la perto do horário que acabavam os estudos, então ela respondeu-lhe que o desculpava e que ele podia sim ir vê-la ali.

Bloqueou a tela do celular outra vez, concentrando-se no garoto que anotava algumas coisas em uma folha em branco.

Anne bebericou o café deliciando-se com o gosto adocicado da bebida, fazendo algumas perguntas para Roy. Terminou de tomar o café e deixou o copo de lado, agora corrigindo as respostas de Roy para suas perguntas e lhe fazendo outras oralmente.

Ela levantou para pegar um livro de história que seria importante para o estudo e sentiu sua visão ficar turva, a cabeça zonza e tudo a sua volta girar. Fechou os olhos esperando a sensação ruim passar, Roy não percebeu, abriu novamente os olhos, indo em direção às grandes estantes de livros.
Cinco minutos depois, enquanto ainda procurava, uma sonolência invadiu o corpo e perdeu um pouco o equilíbrio, segurando na parede atrás dela.

As coisas ao seu redor voltaram a girar, sua cabeça agora doía e ela sentia como se estivesse voando em um lugar distante, não tendo mais controle sobre seu corpo que estava leve como uma pena.
Ouviu alguém sussurrar alguma coisa e segurar-lhe a cintura, então apoiou seu corpo na pessoa em sua frente, evitando de perder o equilíbrio outra vez.

Levantou a cabeça para ver quem era, mas tudo estava embaçado. Viu vagamente uma figura alta e morena, logo deduziu ser Gilbert que avisara que viria.
Sem que ela esperasse, o moreno puxou seu rosto com força, beijando seus lábios rapidamente. Ela sentiu um desconforto enorme com aquilo, mas não entendeu o porquê, então para não cair diante àquele beijo, colocou as mãos em volta do pescoço dele, acariciando o local.

Alguma coisa estava estranha, Anne não sabia o que. Mal sabia o que estava acontecendo, o que estava fazendo, onde estava. Tudo virou um borrão, até ela ouvir uma voz conhecida.

Gilbert: Anne? O que... O que é isso?-Perguntou zangado.

Momentos antes, Gilbert entrou na biblioteca procurando por Anne, sem obter sucesso. Continuou sua busca até ver, entre os livros de uma estante, os cabelos ruivos que reconheceria a quilômetros de distância. Ao chegar mais perto, viu algo que tirou seu chão.

Anne e Roy se beijando. Seu instinto foi puxá-lo para longe e lhe bater no mesmo instante, mas notou que Anne correspondia o seu beijo, por isso não fez, mas ficou ainda mais bravo e triste com aquilo.

Ao ouvi-lo chamar seu nome, Anne empurrou o garoto que a agarrava para longe com muita dificuldade, fez um esforço enorme para reconhecer o rosto perverso de Roy e o rosto magoado de Gilbert.
Sua cabeça estava bagunçada, ela queria vomitar pelas voltas que seu estômago dava, devia ser efeito do café.

O CAFÉ!

Anne foi atingida por uma onda de realidade que a pegou em cheio, e mesmo confusa e sem conseguir firmar seus pés no chão, juntou todas as informações que vinha em mente. Roy colocou algo no café que lhe deu, beijou-a contra vontade e por pensar que era Gilbert, correspondeu.

Anne: Gilbert, n-não é isso...-Tentou falar, mas as palavras sumiram e a tontura aumentou.

Gilbert: Tudo bem, já entendi. Me desculpe, não quis atrapalhar vocês.-Sua voz estava carregada de irritação óbvia, e sem aguentar mais ficar naquele ambiente, ele virou as costas e saiu.

A ruiva saiu andando, cambaleando um pouco, até alcançar o corredor e ver Cole.
Ela correu até o amigo e deixou seu corpo cair nos braços dele, e então, desmaiou.

Horas depois, Anne acordou em sua cama, as meninas estavam com ela olhando preocupadas.

Anne encarou elas confusa, não entendia o porquê de estar ali em seu quarto, quando deveria estar estudando com Roy.

ROY!
O CAFÉ!
O BEIJO!
GILBERT!

AI MEU DEUS, GILBERT!

Foi só o que conseguiu pensar quando sentiu sua cabeça pesar. Deu uma rápida explicação para as meninas que apesar de não entenderem direito o que a ruiva falava, assimilaram as informações e se revoltaram, gritando e xingando as paredes, quando sua vontade era de fazer aquilo com Roy.

Anne correu para o banheiro vomitar, depois saiu afirmando que precisava falar com Gilbert, mas as meninas não permitiram.
Levaram Anne para tomar um banho, foi a contragosto, nervosa demais para qualquer coisa, mas ainda não se sentia bem para nada. Depois do banho, colocaram Anne em sua cama, cobrindo-a. Ainda estava cedo, mas em questão de segundos, Anne dormia feito pedra.

No meio da noite ela acordou vendo as meninas com seu pijamas, Cole e Billy estavam lá também e conversavam baixo para não atrapalhar o sono da ruiva.
Quando notaram que já estava acordada, vieram ao seu encontro fazendo inúmeras perguntas para agora entender o que havia acontecido, e com mais clareza, Anne conseguiu explicar tudo.

Ficou nervosa e ansiosa outra vez, querendo falar com Gilbert sobre o que ele viu, por isso não ouviu seus amigos quando disseram que o melhor seria deixar para conversarem pela manhã, e correu até o quarto dos meninos.
Bateu na porta algumas vezes e Jerry veio abrir.

Anne: O Gilbert, ele... ele está aí?-Perguntoi aflita.

Jerry: Ele está dormindo.-Falou baixo saindo de dentro do quarto e fechando a porta atrás dele.

Anne: Eu preciso falar com ele, Jerry. Ele... eu...-Não conseguiu terminar a frase pois o choro entalou em sua garganta.

Jerry: Tenho certeza de que vocês poderão conversar melhor amanhã, Anne. Ele estava muito mal, muito mesmo. Dormiu nesse exato minuto depois que eu e os meninos o obrigamos. Ele precisa descansar e você também.-Dise calmo.

Anne: Você sabe o que aconteceu?

Jerry: Só a versão do Gilbert, mas sei que preciso escutar a sua para entender o que realmente aconteceu naquela biblioteca.-Falou abraçando Anne de lado, caminhando com ela de volta para o seu quarto.

Lá, ela explicou para ele e também para Moody que já estava lá, depois voltou a dormir, pois aquele maldito café ainda fazia efeito em seu organismo.

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