Anne On.
Depois da bronca, o diretor Sebastian realmente ligou para todos os pais para falar sobre o ocorrido, e todo mundo levou outra bronca. Marilla prometeu que se eu fizesse outra coisa desse tipo, sairia do colégio sem pensar duas vezes. Já Matthew não brigou comigo, mas pareceu decepcionado, o que foi pior ainda. Ele sempre disse que eu era o seu orgulho, e me partia o coração decepcioná-lo.
Mas apesar de tudo, ele convenceu Marilla a me deixar sair de férias, já que segundo ele, jovens fazem besteiras o tempo todo, e que essa não seria a última que eu faria. Pelo que eu sei, todos têm a permissão dos pais que Sebastian queria, e para mim foi reconfortante saber que ninguém vai perder as férias aqui.
Estava terminando o meu último trabalho daquele dia, pois desde o começo da semana os professores seguiram as ordens do diretor, diminuindo nossas notas e passando vários trabalhos para que recuperassemos. Ao contrário dos outros, eu não achei tão ruim.
Finalizei a escrita daquela enorme redação que entregaria a Srta. Stacey e guardei os meus materiais, eu estava sozinha e tomei um susto quando a porta do quarto se abriu com força.Gilbert entrou bufando, seu rosto estava vermelho de raiva, então ele se jogou na minha cama se deitando e esfregou o rosto com as mãos várias vezes.
- O que aconteceu? - perguntei me sentando ao lado dele.
Não obtive resposta. Ele apenas virou a cabeça e olhou para mim, focando em meus olhos. Ao poucos sua respiração foi acalmando.
- O meu... pai. - falou com irritação na voz.
Fiquei um pouco surpresa, pois não fazia ideia da existência do pai de Gilbert. Uma vez ele me falou que sua mãe morreu no seu parto, e eu sabia que ele morava com seu tio e a esposa dele, mas nunca mencionou o seu pai. Achei que também pudesse ter morrido.
- O que tem ele? - enrolei as pontas dos meus dedos nos cabelos deles que caíam sobre sua testa.
- Bash ligou para ele naquele dia, e hoje ele veio aqui. - disse fechando os olhos quando desci minha mão para seu rosto, acariciando suas bochechas e sua mandíbula.
- Tomou esporro dele?
- Antes fosse só isso... ele quase me tirou do colégio, só não fez isso porque o Bash não deixou. - ele resmunga mais uma coisa e pega a minha mão, brincando com meus dedos.
- Nossa, achei um exagero.
- E é. - ele revirou os olhos e bufou outra vez.
Ficamos em silencio por alguns segundos.
- Por que você nunca me falou do seu pai? - perguntei cautelosa, talvez ele não gostasse de falar sobre ele.
- Não achei necessário. A gente se vê bem pouco, só vou na casa dele uma vez no ano. Ele nunca quis saber de mim e me deixou com meu tio quando minha mãe morreu... - ele falava baixo olhando para nossas mãos juntas.
- Eu sinto muito, Gil. - ele sorriu com o apelido.
- A pior parte é que ele quer que eu vá na casa dele nesse Domingo. Eu não estou com a menor vontade de ir. - passou a mão que estava livre no cabelo, bagunçando quando o colocou para trás. - Não gosto de ficar sozinho com ele. Eu me sinto intimidado, e ele também fica me jogando indiretas muito diretas sobre eu assumir seu lugar na empresa no futuro. Mas lá é uma droga e tudo lá tem corrupção, também não me vejo fazendo isso.
- Eu posso ir com você, se quiser. - ofereço e ele me olha surpreso.
- Você não precisa, Anne. Vai ficar entediada de tão chato que ele é. Acredite, vai ser um saco.
- Eu quero ir. Pelo menos se eu estiver com você, as coisas não vão ser tão chatas. - pisco para ele e ele sorri de canto, me puxando para mais perto.
Gilbert se sentou na cama e me puxou para seu colo, com as mãos na minha cintura e sem tirar seus olhos dos meus.
- Essa me parece uma ideia tentadora. - com isso, ele me beija, apertando meu corpo contra o seu.
Aprofundamos o beijo e Gilbert se inclinou para trás, deitando ainda comigo em seu colo, me fazendo ficar por cima dele. Mordisquei seu lábio inferior e ele levou suas mãos até a barra da minha blusa, fazendo menção de tirá-la até a porta se abrir bruscamente.
Diana entrou.
- Ai... meu... Deus. - ela fala chocada, logo começando a rir.
- Meus olhos! Meus olhos! - Josie fala entre risadas tampando os olhos com a mão.
- Gente, vocês não tem vergonha não? Eu sou criança. - Ruby também ria.
Levantei saindo rapidamente de seu colo, com certeza estava completamente corada, mas Gilbert parecia não se importar e se divertia com a situação, ele comprimia os lábios segurando o riso.
Jane entrou no quarto e observou sem entender o motivo de as meninas estarem rindo. Ela olhou para mim, depois para Gilbert e deu uma risadinha baixa.
- Elas empataram a foda de vocês, não foi? - Gilbert balançou a cabeça em afirmativa, começando a rir junto de Jane.
Cruzei os braços e os olhei tentando parecer brava, mas também comecei a rir vendo que todos gargalhavam.
- Não entendi qual é a graça. - limpei a garganta controlando minha risada e mais uma vez fingir estar brava.
- Desculpe, amiga. Já estamos saindo. - Diana falou sem parar de rir e eu corei outra vez.
- Não, não. O Gilbert já estava saindo.
- Estava?-Pergunta erguendo uma sobrancelha e eu lancei um olhar furioso para ele. - Ah, sim. Estava.
Ele levantou e me beijou rapidamente, quando passou pelas meninas começou a rir de novo. Na porta, ele piscou para mim, finalmente saindo.
Soltei o ar e as meninas me encaravam divertidas.
Que situação...
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East High School
Novela JuvenilAnne, uma garota ruiva muito temperamental, vai estudar em um colégio interno muito prestigiado, o "East High School". Lá, ela terá de enfrentar as dificuldades de ser uma adolescente em um colégio novo, com novas pessoas, novas amizades, novos amor...