A nerd dos anos 90

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Conhecer pessoas novas sempre foi algo bem comum quando eu participava de shows e todos os tipos de eventos da Malibu Shark. E particularmente isso nunca me incomodou.

Bom, pelo menos não até agora.

Já fui apresentado a vários empresários, donos de gravadoras, fotógrafos e quase todo o tipo de gente importante que tenha algo à ver com música. Todos esses encontros sempre foram sobre negócios, estritamente formais e com conversas tão interessantes que te fariam dormir em apenas dois minutos.

E, é claro, que eu não estava ali nessas reuniões por livre e espontânea vontade, mas sim porque fui arrastado até lá pelos membros da banda e meu chefe. Então era impossível bolar uma escapatória, pelo menos uma que não envolvesse ativar o sistema contra incêndios do prédio para distrair todo mundo e fugir de helicóptero enquanto isso.

Eu geralmente sou só uma consequência na vida das pessoas, e duvido muito que alguém escolheria me conhecer. Porém isso aconteceu. Naquela fria e nublada manhã de sábado, quando ainda estava num cochilo na minha confortável cama (na qual eu estava nem um pouquinho com vontade de sair). E tudo dava a entender que seria apenas mais um dia normal onde eu e Win iríamos para a cafeteria e tudo seguiria seu rumo.

A porta do quarto foi aberta e Win entrou correndo, véi até a cama e pulou em cima de mim, quase me esmagando. Acordei imediatamente, sem conseguir respirar direito com ele jogado sobre meu tórax, rindo e me sacudindo empolgado. Metawin ainda vai acabar me matando, é sério!

- puta merda, Win! Você quase quebrou minha costela!- berrei, o empurrando e tentando recuperar o fôlego e do quase-infarto. Um dos contras de se morar com ele é ter que se acostumar com a ideia de que a qualquer momento você pode morrer de susto.

- vamos lá Sarawat, levanta logo! Hoje vai ser um dia incrível!- Win se deitou ao meu lado, tirando todo seu peso de cima de mim, possibilitando que eu conseguisse respirar direito.

- incrível vai ser quando eu ter um treco com você me acordando desse jeito às seis da manhã!- Bufei irritado, mesmo sabendo que era praticamente impossível ficar bravo com ele (principalmente quando ele fazia aquele sorrisinho de coelhinho).

- deixa de ser exagerado!- Win revirou os olhos, se endireitando e ficando de bruços - se eu quisesse realmente te matar, já teria feito.

- esse seu lado psicopata às vezes me dá um pouco de medo - dei um sorriso ladino, me espreguiçando e passando uma das mãos pelos meus cabelos que, como de costume, estavam uma bagunça.

- sabe, eu poderia ter te matado afogado na piscina naquele dia - Metawin me ignorou e continuou a falar calmamente - ou te empurrado na avenida, e também poderia...

- ok ok! Eu já entendi!- o interrompi, começando a ficar preocupado com essa personalidade bipolar dele - esse negócio de assassino não combina nada com você.

- mesmo assim pode ficar tranquilo, eu nunca ia te matar, Wat - ele me encarou, e novamente aquele arrepio surgiu em todo meu corpo.

- e por que não me mataria?- perguntei quase em um sussurro, lentamente me aproximando dele.

- eu nunca faria isso com alguém como você - Win também sussurrou, e não sei se era realidade ou a minha imaginação, mas pude ouvir os cupidos dizendo que a hora era essa - para alguém que beija tão mal como você, estar vivo já é castigo o suficiente!

- quantas vezes vai ficar dizendo isso?!- Falei decepcionado, pegando meu travesseiro e jogando na direção dele, acertando sua cabeça antes que conseguisse desviar - se reclama tanto, é porque você é expert!

Desconstruindo DetroitOnde histórias criam vida. Descubra agora