Win Metawin
Conhecer os amigos de Wat foi bem mais diferente do que imaginei que seria. Eles eram legais, apesar de terem personalidades bem divergentes um do outro. Anthony com toda certeza era a pessoa mais animada que já vi em toda minha vida, Ethan era quieto e tranquilo, enquanto Andrew falava sem parar, mas acho que Amanda não gostou muito dele a julgar pelo modo que o encarou por quase toda a reunião (sendo mais sincero, jurei que ela ia pular no pescoço dele e o estrangular se Emily não se desgrudasse do coitado).
Admito que, grande parte do meu entusiasmo para hoje era focado em Bright. Poder conhecer o rapaz de quem Wat tanto falava era bem interessante e, mesmo após saber que ele não poderia vir, aquela mesma sensação estranha não me abandonou pelo resto do dia. É difícil explicar, mas era como se, de alguma forma, o Bright estivesse ali…
As horas foram passando sem parar e quando nos demos conta já era noite, e qual é a melhor forma de se encerrar um dia incrivelmente exaustivo com os amigos? Um Happy hour em um bar não muito distante da cafeteria foi a escolha perfeita. A simples ideia de deixar o trabalho de lado e apenas se divertir bebendo com os novos colegas fez o humor de todo mundo melhorar consideravelmente.
Só preciso lembrar de não beber demais.
O clima era um pouco estranho, afinal, não é todo dia que se encontra membros de uma banda de rock "razoavelmente" popular e vão sair juntos para bater papo logo depois. Então nesse caso, a tensão era mais do que justificável. Entretanto, depois de algumas doses de álcool e várias latas de cerveja, a conversa fluiu sem problemas e, num piscar de olhos, éramos apenas um simples grupo de amigos numa mesa de bar, falando sobre nossos anos no colégio.
Dei o último gole na minha terceira lata de cerveja, que havia ficado sem gelo depois de um tempo e, consequentemente, com um gosto horrível. Engoli e fiz uma careta de nojo, peguei depressa o copo cheio de energético de Wat (que estava sentado ao meu lado) e bebi metade, tentando de qualquer jeito tirar o gosto ruim da boca.
- será que dá para você parar de pegar minha bebida?!- ele deu risada, puxando o copo de volta para si, me encarando com um sorriso ladino.
- por acaso não sabe dividir?!- retruco, e outra vez pego o copo, dessa vez bebendo todo o conteúdo de uma só vez. Sarawat cruza os braços indignado, e seguro a vontade de rir.
- sinceramente Win, eu ainda não sei como você consegue suportar essa criatura - Anthony aponta para Wat, que fica ainda mais emburrado, dessa vez não tento conter a risada - é sério, qual é o seu segredo para ser tão paciente?
- nem eu sei!- estendo o braço e pego outra lata de cerveja (dessa vez com gelo), abro o lacre e dou um longo gole antes de continuar a falar - mas só sei que ter ele por perto é igual a cuidar de uma criança. Dá muito trabalho!
Todos gargalham, exceto Sarawat, que me olha com uma expressão tão brava que tenho certeza que, se olhares matassem, eu já estaria estirado no chão.
- vai mesmo ficar fazendo piada?- ele sussurra para mim, discretamente.
- aproveitando o assunto, me conta, como é que vocês dois se conheceram?- Andrew pergunta de repente, apoiando a cabeça em uma das mãos e lançando um sorriso estranho para mim.
- digamos que foi bem no estilo dos filmes de comédia do Adam Sandler...- Emily se intromete, e pelo tom da sua voz, fica claro que os copos de vodka com suco de abacaxi que tomou estavam fazendo efeito - ele entrou na cafeteria e dormiu em uma das mesas… daí eu e o Win fomos acordar ele… e teve um negócio com nomes trocados… e zumbis! Foi legal...
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Desconstruindo Detroit
RomanceUma noite chuvosa, um táxi amarelo e uma mala com somente o essencial e seu violão. Era tudo isso que Bright tinha ao embarcar rumo para o lugar mais longe possível de suas aflições em Nova York e, principalmente, da sua banda. Detroit era como uma...