Todos os tons de Win

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Win Metawin 


Nos beijamos. Sem culpa, sem remorso. Apenas dois homens se beijando, dois seres humanos que sentiam um pelo outro algo muito maior e intenso. Duas pessoas que haviam descoberto que o amor não era errado e que, se o destino quisesse uní-los, que assim o fizesse. 

As mãos de Wat foram para minha cintura, em um aperto carinhoso porém firme, permitindo com que nossos corpos ficassem mais perto e acabasse com qualquer distância que pudesse existir entre nós. Meus dedos percorriam lentamente seus ombros, deslizando pelos braços, alcançando o pescoço e se emaranhando nos cabelos dele. Paramos ofegantes, com a respiração desregulada e encarando um ao outro em silêncio, mas dessa vez era um silêncio bom. Um que fazia sentido. 

E então percebi, aquela voz na minha cabeça não apareceu. Em algum momento simplesmente parei de escutá-la, ela tinha desaparecido de repente, após tantos anos alí. E mesmo que estivesse, não daria ouvidos a ela nunca mais. 

Um sorriso desenhou-se nos lábios de Wat, e seus olhos brilhavam como milhões de estrelas perdidas em um céu escuro e infinito. Pude admirar com calma cada detalhezinho de seu rosto, desde as leves cicatrizes ao lado do olho esquerdo e acima do lábio superior, as bochechas rosadas e cada coisinha que fazia ele ser quem era. 

Por que demorei tanto para perceber? Por que fugi desse sentimento e ignorei todos os sinais? Qual foi o motivo de eu ter negado, me afastando e tentado convencer a mim mesmo que o que sentia por ele era só amizade? (Uma amizade bem especial). Sim, sou bem lerdo quando o assunto é romance, a pessoa pode literalmente escrever num outdoor que gosta de mim e mesmo assim vou ficar pensando será que fulano realmente me ama?

Talvez deve ser por isso que a maioria dos meus relacionamentos são uma porcaria. 

- se você por acaso se atrever a dizer outra vez que eu beijo mal, juro que vou me vingar!- Wat ameaçou com uma expressão séria.

- ah é, e o que pretende fazer?- também ameacei, dando uma risada sarcástica, o desafiando a cumprir seja lá o que estivesse planejando - vai me jogar pela janela?

- não, mas até que é uma boa alternativa - ele sorriu, se levantando, pondo as mãos na cintura e ficando parado de frente para mim, me analisando do mesmo jeito que um assassino faria ao tentar descobrir o que fazer com sua vítima.

- certo então, Sr Michael Myers!- provoquei, curioso para saber onde isso iria dar - qual vai ser seu plano? Pelo que sei, você não leva muito jeito em ser serial killer, assim como também não leva jeito para beijar!

Pronto, soltei a bomba.

- eu te avisei!- Wat gritou, se aproximando - agora você vai ver!

- vai ter que me pegar primeiro!- me levantei e sai correndo para fora do quarto, e sem nem olhar para trás tive certeza de que ele estava me seguindo.

Peguei uma das almofadas que estavam no sofá e a arremessei em cima dele, o acertando em cheio no rosto, conseguindo o deixar atordoado. Já ia me virando pronto para agarrar outra almofada e a usar como defesa quando, num repente, Wat passa os braços em volta da minha cintura, o que sem querer faz com que nós dois perdêssemos o equilíbrio e caíssemos sobre o sofá, com a queda amortecida por uma pilha de coelhos de pelúcia.

E, em um piscar de olhos, Sarawat está em cima de mim, suas mãos ainda estavam em meus quadris e sua respiração ofegava. Trocamos uma expressão surpresa, sem saber exatamente o que fazer nessa situação. Eu devia o afastar? Ele precisava recuar? Não sabíamos. Meu coração estava palpitando, os segundos passavam e algo dizia que eu tinha que tomar uma atitude. 

Desconstruindo DetroitOnde histórias criam vida. Descubra agora