Corri para o banheiro da cafeteria e me tranquei ali dentro, apoiando minhas costas contra a porta, e conforme minhas pernas começam a tremer ainda mais, vou escorregando até sentar no piso gelado, ainda sem acreditar no que eu tinha feito.Minha cabeça estava uma loucura, e rezava para que tivesse sido um sonho e que ia acordar logo. Mas eu não acordei. Era real.
Eu tinha mesmo levantado cedo da cama porque estava sem sono e meus pensamentos não paravam de me atormentar. Eu realmente fui até o quarto de Win de manhã e o irritei e derrubei da cama para que acordasse e me fizesse companhia. Fiz cócegas nele até quase perder o fôlego. E nós dois ficamos nos encarando por segundos (mas que para mim foram muito mais que isso). Se pudesse, ficaria olhando para ele por mil anos e ainda assim não ia ser suficiente.
Mas então Win me empurrou, se afastou e a única coisa que consegui fazer foi avisar que ia me arrumar e sair de lá o mais rápido que pude. Que merda estava acontecendo comigo? foi a primeira coisa que pensei ao entrar no que agora era definitivamente o meu quarto (e não só um mero quarto-de-hóspedes).
E quando você está numa situação dessas, onde nem consegue saber o quê a porcaria do seu coração está dizendo, qual a solução mais sensata a tomar? Exatamente. Ligar para o melhor amigo.
No caso, Anthony!
- o que foi agora Bright?- a voz sonolenta dele murmurou do outro lado da linha.
- espera, como você sabe que sou eu?- perguntei curioso, enquanto tentava amarrar o cadarço do meu tênis só com uma mão.
- só você é retardado o suficiente pra me ligar em pleno frio às seis da manhã!- ele tentou gritar, mas estava com sono demais para isso. Era um bom argumento, admito.
- ok ok, depois você briga comigo, tá? - mudei de assunto rapidamente, conseguindo finalmente amarrar o cadarço do tênis - preciso urgentemente da sua ajuda, e só confio isso a você. E se contar pra alguém, eu juro que volto pra Nova York e te mato!
- beleza, me fala logo!- Anthony falou bem animado, se interessando no assunto, como eu tinha certeza que ele ficaria. Ele era assim. Adorava uma fofoca.
- lembra que te falei sobre o Win? O cara que me ajudou e deixou com que eu ficasse no apartamento dele?- perguntei e ouvi ele responder um sim, eu lembro bem depressa - então... eu...
- você está gostando dele, acertei?- Tony disse como se tivesse tivesse a maior certeza do mundo. Suspirei profundamente, e ele deu risada, sabendo que sim, Anthony tinha acertado.
- eu tô ferrado... - sussurrei, me levantando e indo até a sala, falando um pouco mais baixo para que Win não escutasse - que porcaria!
- ei brother, fica tranquilo, não é como se fosse a primeira vez que você estivesse a fim de um cara, né?- Tony comentou, sensato.
- só uma perguntinha rápida - cortei o assunto - por acaso você tem uma bola de cristal ou é um sósia do Akinator, por acaso?!
- não preciso de adivinhação nenhuma para saber que meu melhor amigo está apaixonadinho!- ele deu risada outra vez, seguido de um bocejo longo e preguiçoso - só por sua voz toda desesperada já deu pra saber que tinha acontecido alguma coisa.
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Desconstruindo Detroit
RomanceUma noite chuvosa, um táxi amarelo e uma mala com somente o essencial e seu violão. Era tudo isso que Bright tinha ao embarcar rumo para o lugar mais longe possível de suas aflições em Nova York e, principalmente, da sua banda. Detroit era como uma...