Damas em Xeque - parte II

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Mandy despertou, sentindo dor na nuca. Quando abriu os olhos, percebeu que ainda estava nua, acorrentada e em um lugar escuro. Mas haviam coisas diferentes. Ao invés daquelas correntes de prata mais finas, haviam duas grossas correntes de prata prendendo seus pulsos a parede.

Ela sequer insistiu em se soltar, sabendo ser inútil. A última lembrança da adolescente envolvia lutar contra vampiros em uma igreja, e ao que tudo indicava, perder. Lembrou-se do Golem, que de salvador mascarado, passou a psicopata obcecado por vampiras. Mas o que apertou seu coração foi pensar no Andy enfrentando Malcom sozinho. Até onde ela lembrava, ele estava sendo espancado.

— Dormiu bem, flor? — uma voz feminina perguntou em meio a escuridão. — Ele foi mau com você também?

Mandy se assustou ao perceber que tinha mais alguém ali, principalmente depois que percebeu o cheiro da pessoa.

— Você é vampira, certo? — a garota perguntou para sua amiga das sombras. — Foi a seita de vampiros que prendeu a gente?

— Não,flor, esquece essa história. O vilão aqui se chama Golem, que talvez você conheça como Paul Davis... um lunático que curte sair fantasiado pra sequestrar garotas especiais. — A vampira riu. — Acho que ele quer montar um circo, e nós somos as felizardas.

—... filho da mãe! — a garota resmungou, entendendo sua situação.

Mandy ficou em silêncio. Conforme sua vista se acostumou, viu que a mulher estava magra e fraca, com marcas em muitas partes do corpo... e isso apenas no que a garota conseguiu discernir.

— Ele tem feito experiências comigo... o desgraçado — a vampira falou, em tom raivoso. — Detesto dizer isso, mas deve rolar o mesmo com você, lobinha.

Uma vontade enorme de chorar começou a dominar a garota... mas ela resistiu! Era uma loba, não era? Não uma patricinha qualquer. Mandy sabia que não importava a situação, encontraria um jeito de sair dali.

— Eu vou fugir, vampira — disse ela, confiante. — E quando sair, tiro você também. Certo, Jeanne?

O riso da vampira se fez ouvir, seguido da resposta:

— Pelo jeito a policial fala de tudo com a família do noivo mesmo. Eu topo sair com você, só me diga uma coisa: não tem medo de mim, Mandy Duncan?

— Acho que mesmo uma vampira deve saber o que é gratidão, certo? Além disso, qualquer coisa a gente te mata e serve a carne no restaurante.

A vampira ficou quieta após aquilo. Mandy ficou de pé, sentindo câimbra em uma das pernas. Também tinha marcas de ferimentos pelo corpo, mas nada mais grave que pontadas, inchaços ou ardências. Não sabia onde estava, mas achava que o nome do sequestrador não lhe era estranho.

Andy disse que Jimmy e Emma estavam bem, e esse era seu único alívio. Quanto ao próprio Andy... a garota lutava para não pensar no pior, esperando que aquele garoto marrento fosse mesmo tão durão quanto fazia parecer. O tempo passou com ela perdida nesses pensamentos, trazida de volta apenas pelo som de uma porta se abrindo.

***

Andy farejou até a casa, mas decidiu que não bancaria o bicho irracional, derrubando tudo na base da força. Não. O garoto não era esperado, e usaria aquilo a seu favor. Mandy teria mais chances daquele jeito.

Ele assumiu forma humana, roubou uma calça e camisa em uma casa vizinha e improvisou um pedaço de arame para destrancar a fechadura. Havia um cachorro, mais curioso por ele que qualquer outra coisa. Não foi difícil impôr sua presença animalesca para o animal, que se encolheu em um canto, chorando baixo. Ele esperava encontrar um covil secreto, uma fortaleza bem guardada. Ao invés disso, encontrou uma casa padrão da cidade, do tipo que ele poderia ter invadido a qualquer momento no período em que roubava por lá.

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