Prólogo

20.4K 714 62
                                    

Termino de limpar a última mesa da lanchonete e me viro vendo meu chefe no balcão, enquanto observava alguns papéis em suas mãos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Termino de limpar a última mesa da lanchonete e me viro vendo meu chefe no balcão, enquanto observava alguns papéis em suas mãos.

Esse era o momento perfeito!

Andei até ele e logo parei em sua frente. Sr. Filipes, em nenhum momento me olhou, continuou concentrado nas folhas. Provavelmente, deveriam ser as contas do estabelecimento.

— Sr. Filipes, eu preciso falar algo importante com o senhor.

— Diga, Morgana! — Ele fala sem olhar para mim
Respiro fundo e conto até três, tentando manter a calma.

Qual é Morgana, é só pedir demissão. Não é como você estivesse lidando com um monstro de sete cabeças.

— Trabalho aqui desde os meus 16 anos, o senhor foi o único que me acolheu depois do que aconteceu comigo e com a minha mãe… — ele ergue seu rosto e retira seu óculos de grau para que seus olhos focassem nos meus.

— Onde você quer chegar com tudo isso menina? —  Pergunta com a voz séria. Engoli em seco.

Sr. Filipes tinha a fama de ser o velho chato e mal-humorado da lanchonete. Depois que perdeu o único filho e a esposa que ele tanto amava em um acidente trágico de carro, ele simplesmente se fechou para o mundo.

Seu sorriso que antes quase não víamos, foi de uma vez por todas, embora. O brilho que eu era acostumada a ver em seus olhos quando ele estava reunido com a sua família, sumiu. Uma parte dele morreu junto com eles naquela mesma tarde chuvosa e fria de uma segunda-feira.

— Eu quero pedir demissão! — Falo sem rodeios e vejo ele me olhar um pouco em choque, mas ele logo trata de desviar o olhar do meu para que eu não visse o tanto que estava devastado, mas foi inútil.

Acabei criando um carinho por ele, ele era como um pai para mim. Por mais que ele fosse fechado e quisesse se trancar para o mundo, eu tentava fazer o meu máximo para alegra-lo.

— Você conseguiu mesmo não foi? — Ele perguntou e dei um meio sorriso afirmando.

— Sim, eu consegui. — Respondo tentando lutar contra as lágrimas que insistiam em cair.

A três dias atrás eu havia recebido um e-mail, e o que estava escrito no mesmo me fez cair para trás em choque.

Eu havia sido contratada pela agência do FBI de Nova York, eu deveria começar no emprego o mais rápido possível. Esse sempre tinha sido o meu sonho, mas acabei deixando ele de lado para ajudar minha mãe com as despesas da casa.

Foi assim que conheci o Sr. Filipes e comecei a trabalhar aqui. Por muito tempo esse lugar foi o meu segundo lar.

— Então você terá que ir embora de Seattle? — Pergunta novamente quebrando o silêncio.

— Eu preciso! — Falo logo em seguida,  sinto uma pontada no coração, como se ele estivesse se partindo em mil pedaços dentro do meu peito. — Será bom para mim e para minha mãe. Ela é a pessoa que mais esta precisando dessa mudança, ela não é mais a mesma depois daquela tragédia, e continuando morando aqui só faz com que a dor dela aumente, cada dia mais.

Desejo e Ódio - LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora