Capítulo 37

402 9 103
                                    

     Não era possível que uma caixa com duas dezenas de diários escondia os segredos que tanto assombravam a Lorna, a dúvida do que realmente aconteceu lhe machucava a todo momento, ela lembrou-se daquilo quando precisou enterrar os seus pais, qua...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

     Não era possível que uma caixa com duas dezenas de diários escondia os segredos que tanto assombravam a Lorna, a dúvida do que realmente aconteceu lhe machucava a todo momento, ela lembrou-se daquilo quando precisou enterrar os seus pais, quando a sua filha nasceu, quando ela aceitou o trabalho da Cia, ela jurou para si mesma que descobriria a verdade sobre o fatídico dia que separou para sempre mãe e filha.

O caminho de volta foi marcado por lembranças da sua infância, de quando brincava livremente na fazenda da família Hall, ou quando saía para acampar com os seus pais na colina, era um dos momentos que ela se recordava com frequência, desejava fazer o mesmo com Emm, levá-la para acampar, para conhecer o mundo lá fora, da mesma forma que os seus pais fizeram com ela, quem sabe um dia ela conseguiria realizar tudo isso.

Encarar aquela caixa no banco do passageiro lhe trouxe lembranças boas, mas também lhe fez recordar da pequena Lanna.

Ela chegou no hotel, e logo tratou de vasculhar as anotações da mãe que por sorte estavam datadas, Masha tinha uma caligrafia impecável, Lorna só precisou separar tudo por ordem cronológica, isso facilitaria as suas pesquisas. Já passavam das duas da manhã quando ela chegou ao diário datado em 1987, trinta e três anos atrás.

"Pela primeira vez eu senti o que era amor de verdade. Lanna tem os olhos doces, olhos cor de mel, tem uma calmaria natural. Sentir o seu cheiro pela primeira vez e ouvir o seu chorinho naquele quarto frio me acalmou como ninguém jamais conseguiu, com a Lanna está nascendo a minha esperança de ser uma pessoa melhor."



Lorna leu aquilo emocionada, era uma linda descrição, a sensação foi a mesma que ela sentiu ao pegar Emm nos braços. Masha tinha conseguido descrever perfeitamente os quase dois anos em que viveu com a sua primogênita, folheando as outras anotações ela encontrou um desenho feito pela mãe da pequena Lanna, os traços impecáveis de Masha retratavam o olhar doce da criança, em um outro desenho a pequena estava deitada de bruços e o sinal nas suas costas estava bem evidente igual ao da Emm, igual ao da Lesley, igual ao da Tasha.

Um dos diários mencionava a vida de uma agente dupla, a vida que Masha estava vivendo. Uma espiã da Cia vivendo dentro do consulado Russo em busca de informações para o governo americano. Masha relatou no diário tudo o que ela estava passando, anotações confidenciais no rodapé, desenhos com duplos significados, e Lorna os entendia muito bem. Nas últimas folhas desse mesmo ano narra a despedida trágica de Masha e Lanna.

"Era uma tarde de inverno do ano de 1989, fazia bastante frio em Mississipi, eu realmente precisava ir a um supermercado próximo, a Lanna estava bastante agitada naquele dia, eu não tinha com quem deixá-la, o seu pai eu não o via desde o momento em que lhe contei da gravidez, estava criando minha filha sozinha, a minha única opção era levá-la comigo.

Agasalhei ela devidamente, preparei umas três mamadeiras pois não sabia como estavam as estradas, acomodei minha filha na cadeirinha e segui rumo a cidade. Morávamos afastadas das grandes construções, meu trabalho exigia isso, eu cantarolava uma canção na tentativa de lhe acalmar. Após passar na farmácia e no supermercado decidi parar para abastecer, ventava bastante, a todo momento as rádios alertavam para riscos de tornado. A fila da conveniência estava enorme, eu decidi deixar a Lanna no carro, a janela estava um pouco aberta para entrar ar, alguns minutos que andava entre os corredores ouvi barulhos fortes de tiro vindo do lado de fora, no mínimo uns oito tiros, pelo som era um armamento pesado, as pessoas corriam tentando se esconder, eu gritei assim que raciocinei o que estava acontecendo, a minha pequena Lanna estava lá fora, ouvi o alarme do carro, corri desesperada ao ver a porta de trás aberta, a minha Lanna não estava mais lá, apenas o seu cobertor melado de sangue. Eu fui até..."



A MORTE TEM COR Onde histórias criam vida. Descubra agora