A MORTE TEM COR

Capítulo 47

Tinha chegado a hora da verdade para Ivy após tantos anos de espera, momento que Lorna tentou adiar o quanto pôde, ela sabia não teria volta depois que desenterrasse o passado pois a terrível Allison Hall estaria de volta, e isso não seria bom para ninguém. Sua ex parceira do KGB não suportaria ouvir tanta coisa, e por mais durona que parecesse Ivy Sands era totalmente vulnerável.
Depois de tantos anos ela estava enfrentando aquele passado doloroso, onde ela deixou de ser a brilhante Dra. Allison Hall para tentar sobreviver como Lorna Prince.

— Vamos Alli, me diz o que aconteceu com o meu irmão? — Insistiu Ivy.

— Eu não tinha como salvar os dois ao mesmo tempo, então eu tirei primeiro quem estava me acompanhando na missão. Não foi assim que aprendemos? — Confrontou Lorna se esforçando para recordar-se da história. — Primeiro você cuida do seu parceiro, depois você cuida dos demais, e foi o que eu fiz. Eu só segui o seu próprio protocolo, foi você que me ensinou assim. — Ivy engoliu a seco.

— Não tinha esse direito, você não podia escolher Alli. A vida dela não era mais importante que a vida do meu Dillan. O que droga te fez mudar de ideia?

— Ivy eu não lembro como tudo ocorreu naquela explosão, mas eu não tinha como adivinhar o que iria acontecer. Droga! Eu tentei, mas o Dillan estava no local errado e no momento errado, me perdoa, mas eu tentei, eu sei que eu dei o meu máximo. — Insistiu Lorna.

— Não! Você não deu o seu máximo, você salvou uma estranha. Eu vou tirar tudo o que você tem de mais importante na vida Allison e depois que você assistir a tudo sem poder fazer absolutamente nada aí sim, eu vou acabar com você. Eu estou declarando guerra e não é só a Lorna que vai sofrer, pode anotar, eu sei fazer muito bem.

— Ivy, IVY! — Lorna gritou chamando a atenção de todos ali, mas foi em vão, Ivy virou as costas deixando para trás a sua ex parceira.

Ela saiu deixando Lorna mergulhada nos seus pensamentos, pensamentos esses que a fizeram pegar a estrada, Lorna tinha um refúgio secreto, um lugar para onde ela fugia quando a barra ficava pesada em NY. Seria secreto por enquanto, muito em breve as coisas iriam mudar.

A casa de madeira ficava numa pequena propriedade rural e era muito acolhedora, dois andares, uma varanda com vista para as montanhas e várias recordações. Logo na entrada principal existia uma placa com o nome: The Strong, nome dado por ela quando adquiriu a propriedade há alguns anos atrás. Era seu lugar seguro, forte o suficiente para que não fosse encontrada.

Não tinha muita mobília, Lorna só visitava o local quando precisava ficar sozinha para clarear seus pensamentos, foi até o sótão onde estava tudo muito bem encaixotado, suas lembranças, suas anotações desde a adolescência que ela guardou com todo cuidado, ali tinha todos os registros das suas missões, todas em forma de desenhos. Era um código para que se alguém os encontrasse não soubesse do que se tratava.

As feridas do passado tinham sido abertas e agora só tinha um jeito de cicatrizá-las, era preciso deixar o ferimento passar por todas as etapas para que chegasse à maturação, e ela fez isso naquele ambiente cheio de anotações e memórias.

A primeira caixa aberta estava cheia de poeira e de relatos, estava lá muitas agendas com anotações da época em que ela era responsável por cuidar das vidas naquele centro médico em Zurique, era hora de sentir novamente as mesmas sensações do passado. As respostas sempre estiveram nas suas mãos ela só tinha medo do que aconteceria se ela voltasse as suas origens.

Zurique, anos atrás.

Era um típico dia de verão em Lake Zurique bairro onde ficava a sede da organização, mas eles não tinham tempo de parar para admirar o clima local, estavam lá só de passagem. A agência correspondente na Suíça estava um caos, as notícias dos últimos dias preocupavam as autoridades locais e deixava a população em pânico, em menos de uma semana duas bombas em locais próximos. Não era uma simples coincidência, era um aviso.