Karen volta ao litoral, para tentar desvendar seu passado, e para isso, vai contar com a ajuda do puro e singelo amigo Felipe, mas não imagina que está abrindo uma verdadeira caixa de pandora que irá abalar a sociedade litorânea!
Como num caleidoscópio, a realidade possui várias facetas... E suas lindas flores, na maioria das vezes, não passam de pequenaspedras de ilusão.
Litoral Paulista- primavera de 1999
- Atenção, senhores passageiros! Por favor, apertem os cintos de segurança! - ouvia-se a voz do piloto pelo auto-falante do avião - Dentro de instantes estaremos pousando no aeroporto de Congonhas!
Karen guardou, na mochila, o livro que estava lendo, apertou o cinto e reclinou-se na poltrona. Olhou pela janela e admirou toda a exuberância verde da Serra da Cantareira. Parecia incrível, que dentro em breve, depois de tantos anos, estaria pisando novamente em solo paulista.
Karen cutucou a amiga Kelly, que dormia pesadamente, e após sentirem uma ligeira pressão no ouvido, o avião tocou o solo.
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Kelly reclamava o tempo inteiro da confusão no aeroporto, e Karen sentia as pernas formigarem, devido às muitas horas sentada na mesma posição.
Enquanto aguardavam as bagagens, Kelly foi procurar algo pra comer, e Karen ligou para a tia, avisando que já estava no aeroporto.
Pela primeira vez em toda a viagem, Karen estava apreensiva, pois há muitos anos, não vinha pra São Paulo, e se sentiu como numa terra estranha, mas logo a voz reconfortante da tia, do outro lado da linha, lhe devolveu a tranqüilidade.
- Karen querida! Você já chegou? - a voz animada de tia Esmeralda a tranquilizou - como é bom ouvir sua voz!!! Fez boa viagem?!?
- Sim, tia! Obrigada - Karen suspirou - já estou no aeroporto, e estou estranhando tudo por aqui! A senhora pode me arrumar condução? Estou perdida e cansada!
- Claro querida!! O motorista já está chegando aí com meu carro! - Esmeralda estava eufórica - Estou ansiosa para te ver, minha princesa!
- Eu também, tia! - Karen falou cheia de sinceridade - não imagina o quanto!
- Está bem, querida, te vejo em breve!
Karen recolocou o fone no gancho e sentiu um calafrio. Acostumada com o calor do Nordeste, sentia os ossos congelando no clima nublado da terra da garoa.
Era estranho estar de volta depois de tantos anos. Quando partiu, era apenas uma tímida garota de 13 anos, e agora ali estava ela, uma mulher adulta, com uma carreira sólida de enfermeira.
***
Kelly voltou da lanchonete com os bolsos cheios de chocolate, e os ofereceu para Karen, que os devorou no mesmo instante.
Nos lugares onde viveu nos últimos anos, chocolate era um luxo quase impossível de se obter. As únicas guloseimas a que tinha acesso eram mariolas, balas de açúcar e doces caseiros.