Marina - um novo começo.

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Jean Pierre levou Karen à sua casa, e apresentou a ela seu submundo.

Ele conhecia todo tipo de gente, que fazia todo tipo de coisa, desde médicos obstetras que trazia crianças ao mundo, até políticos corruptos que lhe deviam favor.

Jean era sempre amável com todos, e sabia extrair deles exatamente tudo o que queria.

Um rapaz trouxe para Jean um envelope cheio de documentos. Jean os entregou para Karen, que os admirou surpresa.

– Eis aqui sua nova vida, ma cherrie! De hoje em diante, você é Marina Rodrigues!

Karen não conseguia acreditar no que seus olhos viam. Nas fotos dos documentos, era ela, mas totalmente modificada. Estava ruiva e de olhos verdes.

Ela sentia uma emoção inexplicável. Estava definitivamente sepultando Karen Varemberg.

Jean Pierre não estava apenas ajudando a proteger seu bebê, mas estava dando pra ela a oportunidade de deixar pra trás seu tumultuado passado e recomeçar do zero.

A vida de Karen Varemberg era um charco de lama, mas como Marina, poderia escrever uma nova história, e ser o que quisesse.

– Mas no documento, sou ruiva, e de olhos verdes!

– Non se preocupe, chère! Aqui está a tecnologia pra resolver esse problem... – Jean entregou a ela um par de lentes de contato e uma peruca – Por horra, non podemos prejudicar nosso Petit bibelô, mas assim que ele sair, voilá! Você se livra de vez dos seus cabelos noir. Mas non se livre de seus documentos antigos. Guarde parra usá-los no futurro.

– Mas do que você está falando, Pierre?

– Herança, milady!

Karen recusou a ideia veementemente.

– Não quero saber de nenhuma herança! Vou recomeçar do zero, e não quero nada de ninguém!

–Compreendo, ma chère... mas só pode falar por si mesma, non pode falar pelo noss Petit bibelô, oui?! Me obedeça! Você sabe que sempre tenho razon.

Karen percebeu que Jean estava certo e concordou. Só estava preocupada com algo... o que Jean ia querer dela em troca de toda essa ajuda? Temia que estivesse entrando numa dívida sem fim.

– Por que está fazendo isso, Pierre? Não sirvo pra nada, nunca vou poder retribuir o favor.

– Adrénaline, chère! Estou ficando velho, e nada de interressant acontece na minha vida. Estou fascinado com sua história, desde que soube que você pulou em lá mer com um padre. Une jeune fleur, como Mademoisele, com uma vida cheia de emoções complicadas fazem meu sangue ferver... me fazem reviver minha juventude.

Karen estremeceu. Jean deveria ter sido muito atraente na juventude, e ainda era bem bonito, mas Karen não conseguia imaginar tendo nada com ele.

– Sinto muito, Jean, mas acho que não poderei dar o que espera de mim.

Jean sorriu malicioso, analisando Karen.

– E o que pensa que esperro de você?

– Não sei, Pierre! – Karen resolveu ser sincera – Mas conhecendo os homens, como conheço... mas eu nunca poderei ser de outra pessoa por toda a minha vida. Felipe deixou em mim uma marca indelével. Sinto muito... não que você não seja atraente... mas não sirvo pra mais nada.

Jean sorriu afável, tranquilizando Karen. Tomou as mãos dela entre as suas e olhou bem dentro de seus olhos.

– Non se subestime, mon'amour! Você é mais important do que pensa. Mas non se preocupe, que nunca vou cobrar nada de você. Já disse que faço pela adrénaline! Já ajudei centenas de pessoas, mas nunca cobrei nada de ninguém. Sempre que preciso de algo, eles me ajudam porque gostam de mim. Gosto apenas de ser útil às pessoas, e você é como a filha que nunca tive. En outre, vai saber se um dia non vou precisar de uma infirmière? O bem que faço hoje, sempre encontra um jeito de retornar...

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