S.O.S.

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A ideia da balsa agora, tomava uma dimensão bem maior, pois Felipe queria voltar o mais rápido possível para o continente, para legalizar a união dos dois e dar à Karen e seu filho toda a assistência necessária.

Karen fingia estar animada, mas tinha medo, pois não estava pronta pra enfrentar toda a repercussão que seu relacionamento teria. Queria curtir um pouquinho mais sua gravidez a sós com Felipe, pois sabia que, quando voltassem, a paz desapareceria da vida deles.

A ilha tornou-se novamente o paraíso secreto dos dois. Agora os dois mergulhavam juntos, pra apreciar as belezas do Recife de corais, e tinham cada vez mais remorsos em abandonar tudo aquilo.

— Queria tanto que o nosso filho conhecesse esse lugar! — Karen comentou emocionada — aqui é um pedaço do paraíso, e ainda não acredito que vamos deixar tudo isso pra trás.

— Não se preocupe! — Felipe falou decidido — Quando chegarmos no continente, vou comprar um barco, então vamos voltar aqui quantas vezes tiver vontade!

Karen suspirava e tentava ser realista.

— Mas e se formos deserdados? Acho que não vão aceitar nosso relacionamento com tanta naturalidade... você era um padre, e eu te desencaminhei.

Felipe sorria e sempre se explicava com otimismo.

— Se isso acontecer, você pode continuar trabalhando como enfermeira, ou salva vidas, e eu vou procurar um emprego, sei lá, poderia me tornar um pescador! Estou aprendendo muito com o mar, e me tornando íntimo dele. Fiz uma reserva de dinheiro antes de vir pra cá, já prevendo a reação do meu pai quando eu anunciasse minha renúncia ao sacerdócio. Foi isso que passei o mês inteiro fazendo... e mesmo que for deserdado, tenho o suficiente pra comprar uma casinha e um barco! O que me diz?

Karen sorria com a ideia, e o beijava.

O passatempo favorito deles era planejar o futuro. Sentavam de frente pro mar e ficavam horas escolhendo um nome para o bebê.

Karen tinha muitas opções de nomes femininos, mas nenhuma de menino. Felipe achava todos os nomes que ela escolhia muito bonitos, mas dentro de si ele tinha uma certeza quase absoluta de que seria um menino.

Karen acusava ele de machismo, mas ele sorria divertido, dizendo que adoraria ter uma menininha com a cara da mãe, mas teria que tentar numa próxima vez, pois dessa vez, ele poderia apostar que era um menino.

Karen fez com ele uma aposta, que se o bebê fosse menino, ele escolheria o nome.

— Então vai ser Lucas! — Felipe falou convicto — Em homenagem a São Lucas, o apóstolo médico. Sempre achei esse nome muito bonito.

***

Pelas contas de Karen, já estava entrando no terceiro mês de gestação, um período que requeria muitos cuidados. Karen queria ajudar Felipe com a construção da balsa, mas ele não deixava ela fazer o menor dos esforços.

Felipe dedicava-se todas as manhãs à construção, e a balsa já estava pela metade.

Naquela manhã ele cortou mais madeiras e trabalhou a manhã toda na balsa, quando, de repente, avistou algo no horizonte.

A princípio eram apenas pontinhos, e Felipe pensou que estava vendo coisas.

Mas os pontinhos se aproximavam rápido, e Felipe constatou, eufórico, que eram três barcos pesqueiros.

Felipe lembrou da recomendação de Karen, de como sinalizar, e entrou correndo na cabana, a procura de um espelho.

Encontrou Karen dormindo, e admirou como ela estava divina, com a pouca roupa que lhe restou, mas agora aqueles barcos estavam vindo, provavelmente cheio de homens que também se encantariam com a beleza dela.

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