Uma situação inadequada

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Novamente os dois ficaram em silêncio, e depois de um certo tempo, Karen arriscou um convite.

– Sei que você não gosta de mulheres, e tal... mas vamos dançar um pouco? Só como amigos! Dois seres humanos sem gênero, se distraindo um pouco... as coisas aqui estão tão chatas!

– Obrigado pelo convite, mas eu não danço.

Karen sorriu, tentando ser compreensiva.

– Não tem problema, eu te ensino... vai ser bem divertido!

– Você não me entendeu! – Felipe estava sendo ríspido de novo – Eu sei dançar... mas não danço. Por opção.

Karen soltou um suspiro de enfado

– Entendi! Você não gosta de mulheres... já sei...

– Mais ou menos isso. Me desculpe! – Felipe falou encabulado, com um irresistível olhar de menino desamparado – Eu não queria te ofender, mas é que não sou bom para fazer novas amizades.

Karen já estava ficando impaciente. Sua vontade era larga-lo ali, e ir embora, mas não queria se indispor com os amigos da tia... ainda mais um amigo tão atraente.

– Também não sou boa com novas amizades. Mas Juro que estou me esforçando. Que tal esquecermos que o senhor não foi com a minha cara e fazer isso dar certo? Pela minha tia!

Karen suspirou, e novo silêncio recaiu sobre eles. A tia estava demorando um pouco mais do que prometeu, e Karen queria sair logo dali e se divertir um pouco com os amigos, mas como não tinha outra opção, resolveu aceitar o suplício.

– Vamos beber alguma coisa? – Karen tentou quebrar o silêncio

– Eu não bebo! – Felipe falou rápido demais, arrependendo-se em seguida.

– Eu já devia imaginar! – Karen suspirou aborrecida – Que tal um refresco então! Um suco? Não precisa me paparicar, mas pelo menos me tolere... logo minha tia vai voltar e vai te tirar do castigo.

Felipe acabou rindo da situação. Não entendia essa necessidade constante de implicar com ela. Talvez fosse medo. Ela estava despertando sentimentos que nunca sentiu antes, e isso o deixava apavorado.

Karen pilheriou.

– Viu só! Não é tão difícil ver um lado divertido na situação! Sabia que com esse sorriso no rosto, você está finalmente parecendo mais humano?

Felipe sorriu ainda mais, e tímido, se desculpou.

– Acho que vou aceitar aquele refresco. Você me perdoa?

Sem entender direito, o próprio Felipe ofereceu o braço para Karen que o aceitou surpresa.

***

Karen estremeceu diante da sensação de proteção que sentiu ao se apoiar no braço de Felipe. Apesar de ter ficado bem claro que Felipe só estava ao seu lado por obrigação, ainda assim estava feliz de não estar sozinha em sua própria festa.

Felipe era um completo enigma para Karen, ao mesmo tempo em que se sentia irresistivelmente atraída por ele, também sentia antipatia pelo seu jeito indiferente e arrogante.

Estava decidida a ser simpática e tentar cativar a amizade dele, afinal de contas, ele era tão importante quanto um irmão em sua vida, além disso, era tão tremendamente lindo que merecia uma segunda chance...

Mas não estava disposta a aguentar mais grosserias, e decidiu que ao menor sinal que sua presença estivesse incomodando ele, ela se retiraria e o deixaria sozinho.

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