Capítulo 33

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Depois de toda aquela confusão Noah se trancou no escritório e me dispensou pelo resto do dia. (detalhe, ele fez isso por mensagem). Eu decidi dar espaço para o mesmo, como Alan havia indicado, mas por dentro eu queria escancarar a porta do escritório e grudar nele até que ele falasse exatamente o que estava havendo. Aproveitei que ele me deu o dia de folga para conversar com minha mãe sobre Vini, antes de sair para o escritório mandei mensagem para a mesma pedindo para ela me encontrar numa lanchonete próximo ao hospital, ela apenas respondeu um "Ok, estarei lá.". Pensando bem pelo menos ela não rejeitou o convite, dona Eva tem mania de evitar as pessoas quando acha que tem algo errado.

Sai da empresa e fui direto para casa, tomei um longo banho e me joguei na cama, troquei algumas mensagens com a Thaís até dar a hora de me arrumar e ir almoçar.

(...)

- E então Rebecca, sei exatamente por que me chamou aqui. Estou disposta a escutar. - Disse minha mãe assim que se sentou a minha frente na lanchonete.

- Mãe, a senhora sabe, então vamos logo ao assunto. Por que não deu uma resposta ao Vini? e o que a senhora realmente a senhora tem a dizer, por que eu sei que a senhora tem algo a dizer, o problema é que eu não sei se a senhora não falou nada para não magoa-lo ou se simplesmente ficou em choque. - Ela apenas olhou fixamente para suas mãos que estavam entrelaçadas em cima da mesa.

- Rebecca eu já desconfiava que ele era gay, uma mãe conhece seu filho, Mas o fato dele ter falado fez com que não fosse mais um talvez e sim uma certeza de que ele realmente é, e como mãe eu me preocupo. Eu o amo acima de qualquer coisa e eu entendo que a sexualidade dele não é opcional, mas a única coisa que me veio a cabeça quando ele me afirmou foi o quanto meu filho vai sofrer por assumir ser o que ele realmente é. Eu o admiro pela coragem, por que nem todo mundo tem, mas tenho medo por ele, do que possam fazer com ele quando estiver de mãos dadas com o homem que ele ama na rua, de quando estiver no trabalho e sofrer por homofobia e eu não poder fazer nada por que o mundo é perverso e para aqueles que são corajosos o suficiente para assumir o que são sem medo do que vão falar é ainda pior. - Disse e suas palavras soaram como um desabafo, ela apenas respirou aliviada e finalmente olhou em meus olhos e disse por fim: - Eu amo vocês dois Rebecca e eu nunca que seria o motivo do sofrimento de vocês, ao contrário tenho orgulho por terem se tornado pessoas corajosas que sabem defender quem são, mas isso não significa que eu não irei me preocupar.

- Nós também te amamos mãe.- disse segurando em suas mãos. - Mas o Vini está triste pensando que a senhora está com raiva dele. Apenas converse com ele, ele precisa disso. 

- Eu entendo Becca e farei isso ainda hoje. Eu só precisava pensar um pouco.

- Tudo bem, agora vamos comer que estou morrendo de fome. - disse e ambas rimos e começamos a comer.

Depois de comermos me despedi da minha mãe e voltei para casa e aproveitei para arrumas as coisas da viagem que ainda estavam jogadas pelo quarto. coloquei os fones de ouvido e uma playlist aleatória e comecei a arrumar meu quarto. Eu estava super distraída com a música quando de repente sinto alguém colocar a mão do meu ombro e minha reação foi virar já com um tapa o que acertou o rosto de Noah. 

- Caramba Becca que mão pesada!

- Ai meu Deus Noah me desculpa, eu não vi que era você, foi por reflexo, achei que era alguém invadindo a casa. 

-  Não se preocupe Becca a culpa foi minha, deveria sei lá... ter jogado um vaso na sua cabeça.  - Disse irônico.

- Ah vejo que o bom humor voltou não é mesmo? - ele apenas olhou para seus pés, parecia estar sem graça. - E então quer me contar o que aconteceu?

- Talvez, mas não agora.

- Tudo bem Noah.  Mas e então o que veio fazer aqui? 

- Lembra do nosso jantar? resolvi que além dele eu vou te levar hoje para fazermos um pique nique antes da faculdade, o que acha? - Me perguntou animado.

- Agora? 

- É Rebecca foi isso que quis dizer quando falei que seria hoje.

- Então me espera lá em baixo que vou tomar me arrumar. - Ele apenas concordou e saio do meu quarto em direção a sala.

(...)

Estávamos no carro de Noah rumo ao local onde fariamos o pique nique, nesse meio tempo mandei mensagem para Viní dizendo que havia saido com Noah e que voltava depois da faculdade, e avisei a minha mãe também pois ai ela teria um tempo a sos  com Vini.

- Noah estamos chegando? eu já estou ficando com sono. - Disse um pouco sonolenta.

- Sim, nós acabamos de chegar na verdade.- Como eu estava tentando não dormir nem me dei conta que finalmente haviamos chegado. Havia uma enorme casa na frente e nos fundos havia um deck no lago o lugar parecia ter saído de um livro de sonhos.

- Vamos? - Disse Noah com uma cesta de pique nique em mãos e me estendendo sua mão para que eu a segurasse.

- Noah esse lugar é simplesmente perfeito.

- Eu sabia que você iria gostar Becca. 

- Eu tenho esse lugar como um refúgio, é aqui que eu venho quando preciso pensar. Gosto da calmaria que esse lugar é capaz de oferecer.

- Acho que só pelo fato de ser longe da civilização eu já estaria mais calma, mas esse lugar realmente trás uma calmaria inacreditável, pena que nem todos sabem apreciar isso.

-Pelo menos nós sabemos. - Disse me olhando. Seu olhar fez minhas pernas tremerem, ele parecia olhar toda minha alma e ver cada coisa que havia em mim com paixão. Por um instante eu havia parado de respirar e só me dei conta quando soltei o ar que havia segurado. Noah tinha um jeito de mecher comigo que eu nunca saberei explicar. - O que você acha que irmos para o deck assim não ficaremos no sol.

- Acho uma boa ideia. - Disse saindo do meu transe.

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