Quarenta e sete

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A caminhada manca até a pia de mármore nunca foi tão longa e dolorosa quanto estava sendo naquele momento, e a tarefa de amarrar o roupão em meu corpo coberto apenas pelas roupas íntimas nunca foi tão difícil quanto estava sendo agora por conta do pulso fraturado. Levei minha mão boa até o espelho embaçado pelo vapor do chuveiro e a esfreguei na superfície úmida liberando espaço para o meu reflexo ser visto; a imagem refletida era uma bagunça dolorosa aos meus olhos. Alguns tons diferentes de roxo decoram minhas bochechas, um corte razoavelmente pequeno fez meu lábio superior inchar, meu cabelo se tornou uma bagunça de nós molhados e meus olhos estavam vermelhos e úmidos por conta das lágrimas que caíram durante o banho e também pelas que eu estava tentando segurar. Desviar o olhar foi a única forma de fugir da situação quando meu reflexo se tornou demais para mim.

Duas batidas suaves na porta me obrigaram a limpar precariamente as lágrimas de minhas bochechas e fungar uma última vez. A mão que estava no espelho serviu de apoio enquanto eu mantinha o pulso fraturado próximo ao meu corpo enquanto tentava me equilibrar com apenas uma perna. Com um pouco de esforço limpei levemente a garganta e levei a mão até a chave para abrir a fechadura. Do outro lado da moldura de madeira da porta, Steve me encarou fixamente com as mãos nos bolsos e um brilho de preocupação nos olhos azuis levemente avermelhados nas bordas.

– Nós precisamos cuidar desses machucados. – Steve deu um passo para frente. – Você foi a única da equipe que recusou os cuidados médicos de Banner.

Eu estou bem. – Murmurei baixo.

– Não, não está. E não precisa fingir. – Negou se aproximando mais. – Vamos, eu vou te levar até o laboratório para Banner examinar você.

Cuidadosamente, Steve passou os braços por minhas costas e pernas e levantou meu corpo. Nosso primeiro destino foi a cadeira de rodas parada na porta de entrada do quarto, logo em seguida Steve começou a nos levar até o consultório de Bruce. O clima do ambiente estava tenso. Thor se mantinha sentado no canto mais afastado do laboratório, o guaxinim digitava algo em um dos computadores com Natasha logo atrás de si o observando e Bruce estava parado ao lado de uma maca à minha espera.

– Onde está a minha mãe? – Perguntei assim que Steve parou de empurrar a cadeira de rodas que me carregava.

– Rhodes foi buscá-la na casa de vocês. – Natasha caminhou até nós em passos silenciosos. – Mas já sabemos que ela está segura.

Um grunhido de dor deixou meus lábios quando Steve pegou-me novamente no colo e lentamente me colocou deitada sobre a estrutura macia da maca. A posição relaxada do meu corpo pareceu intensificar ainda mais as dores que foram consequências do inferno vivido no último dia.

– Eu vou sedar você para facilitar a sua vida e o meu trabalho. – Banner avisou em um tom de voz baixo. – Seu pulso parece estar quebrado e essa lesão na coxa aparenta ser bem dolorosa de lidar. – Banner separou dois fracos de coloração marrom e pegou duas seringas. – Eu vou injetar em você amitriptilina e depois um pouco de morfina. Isso vai te fazer dormir e te anestesiar por algumas horas.

– Tudo bem. – Murmurei fechando os olhos quando a seringa contendo a medicação foi segurada por Bruce. – Dormir depois de 56 horas acordada parece bom.

– Descanse.



[...]



– Cerca de 73% dos satélites das Indústrias Stark que estão em órbita se encontram fora de funcionalidade no momento. – Comentei girando a cadeira de rodas motorizada para fazer contato visual com os outros membros restantes da equipe.

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