Trinta e oito

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– Eu acho que vou chorar

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– Eu acho que vou chorar. – Mamãe murmurou dando uma última ajeitada do meu cabelo.

Soltei uma risadinha por ela estar realmente quase chorando e me levantei, passei as palmas das mãos pela saia do vestido ajeitando o tecido fino com cuidado e suspirei satisfeita com o resultado final do nosso trabalho.

– Não chora, por favor. – Peço calma à mulher ruiva que estava de pé ao meu lado observando nosso reflexo no espelho, ela soltou um resmungo baixo em concordância e assentiu.

– Como mãe eu tenho direito de ficar emocionada. Esse é o seu primeiro baile! – Se defendeu arrancando um sorriso meu. – Vamos logo, já está quase na hora.

Nós duas saímos do quarto em passos calmos e descemos as escadas para que eu pudesse encontrar meu pai sentado no sofá da sala me aguardando. Quando escutou as batidas das solas dos meus saltos no chão meu pai levantou a cabeça e ficou me encarando com os lábios entreabertos.

– O garoto vai ter uma overdose de hormônios quando te ver. – Afirmou e conseguiu tirar uma risada minha.

Já fazem duas semanas desde a nossa discussão sobre Peter, e desde então meu pai estava mais quieto do que normalmente é. Nenhum de nós dois tínhamos propriamente pedido desculpas pelas coisas que foram ditas, ou melhor, por como as coisas foram ditas. Particularmente, me sinto bastante culpada por algumas coisas que eu disse, principalmente quando afirmei que ele não se importa com Peter sabendo que ele se importa do seu próprio jeito.

– Eu sei que você está quase atrasada, mas como uma boa mãe eu não posso te deixar sair de casa sem tirar uma foto. – Mamãe cantarolou correndo escada acima, provavelmente indo buscar uma câmera querendo fazer as coisas à moda antiga.

– Mães são todas iguais. – Afirmou revirando os olhos.

O silêncio nos alcançou após sua fala. Me sentei no lugar vago ao lado dele e deixei minhas mãos sobre meu colo, o sentimento de desconforto pairava entre nós dois.

– Eu queria pedir desculpa por ter te tratado daquela forma. – Iniciou após um suspiro audível. – Não foi sua culpa, e nem do garoto, na verdade. Ele fez o mesmo que eu faria: Acreditou em si mesmo e fez o que achou que era certo. – Pela primeira vez na minha vida, decidi me manter em silêncio para escutar um real pedido de desculpa, já que eu sempre os interrompo por não saber como reagir. – Se algo grave tivesse acontecido com alguém inocente naquela balsa, a culpa seria do garoto. Mas se algo tivesse acontecido com o garoto, a culpa seria minha. – Admitiu apoiando os cotovelos nos joelhos, porém em momento algum olhou em minha direção. – Eu já carrego a culpa de mortes inocentes em meus ombros, e não aguentaria saber que Peter morreu sob meus cuidados, sob minha responsabilidade. – Ele pausou sua explicação por alguns momentos. – O que quero dizer é: Eu ainda estou aprendendo a me perdoar pelos meus grandes erros e não quero que ele tenha que aprender algo do tipo também. Pedir perdão para outras pessoas é fácil, Angelina. Difícil mesmo é pedir perdão a si mesmo por algo que você fez e ter que lutar contra sua própria mente, que insiste em jogar todas as outras opções que você teve em seu rosto. Eu e você sabemos disso, nós lutamos contra isso todos os dias, mesmo que de formas distintas.

IRON BLOOD ➻ VingadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora