~ Bruno ON ~
Confesso que quando mais novo, esperei muito por aquele momento. Que um dia eu fosse chegar da escola e minha mãe estaria na sala da mansão me esperando. Só que com o tempo esse pensamento se tornou menos frequente, e anos depois, aceitei que ela não ia voltar.
Mas eu estava enganado.
A mulher parada perto da janela da sala da minha casa é minha mãe, e eu não sabia como reagir.
Notando minha presença, ela parou de encarar o jardim e finalmente me olhou. E senti como se tivesse levado um soco no estômago.
- Bruno. - ela exclamou, em um tom baixo, parecendo receosa.
Exatamente como eu me lembrava, seus cabelos são grandes e loiros, e seus olhos, eles tinham as mesmas cores dos meus. Do meu pai eu só puxei a altura, porque o resto eu parecia com minha mãe. Assim como minhas filhas se parecem comigo.
- Meu pai sabe que está aqui? - consegui perguntar, finalmente.
Ela sorriu de forma fraca.
- Não, vou falar com ele depois. - respondeu, e deu alguns passos hesitantes na minha direção. - Você deve estar cheio de perguntas para me fazer.
- Por que agora?
Era essa pergunta que mais rondava minha cabeça.
Parando na minha frente, fiquei quieto enquanto ela erguia uma mão em direção ao meu rosto. E, assim que seus dedos tocaram minha bochecha, me senti um menino de novo.
- Desculpa ter demorado para voltar, eu só não queria complicar sua vida. - exclamou. - Você merecia crescer sem todos os problemas que eu com certeza iria te trazer.
- Que tipo de problema?
- Helena não falou com você? - disse, e tirou a mão do meu rosto. - Então ela quer que eu mesma conte.
- O que contou para minha noiva?
- Noiva. - sorriu, parecendo sincera dessa vez. - Você fez uma ótima escolha. Ela é uma boa pessoa, e te deu belas filhas.
Só observei quando ela se afastou e andou até sentar no sofá parecendo cansada.
- Seu pai e eu nos casamos muito jovens. Cresci rodeada de amor e privilégios. - começou. - Então quando perdi alguém pela primeira vez, não consegui lidar. Fiquei sem rumo.
Franzi o cenho sem entender.
- Quem você perdeu?
- Você era muito pequeno, não me espanta que não se lembre. Eu perdi minha mãe, sua vó.
Eu lembrava um pouco dela. Era uma senhora bem simpática que adorava apertar minhas bochechas, mas as lembranças estavam falhas.
Como se tudo não tivesse passado de um sonho.
- Você foi embora por que sua mãe morreu? - questionei, me negando a aceitar aquele motivo.
Ela balançou a cabeça de forma negativa.
- Não, meu filho.... - suspirou. - Fui embora pelas coisas que fiz, pelas atitudes que tomei quando sua vó faleceu.
Me aproximando, sentei no outro sofá para escutar melhor sua história.
- É difícil confessar isso para você. Apesar de passar anos imaginando como seria essa nossa conversa, ainda é difícil. - falou, e passou a mão no cabelo colocando uma mecha loira atrás da orelha. - Eu tentei arrumar um jeito de fazer a dor que eu sentia por ter perdido minha mãe parar. E foi por isso que acabei me envolvendo com drogas.
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Para Sempre Te Amarei
Romance"História Em Andamento" Livro Dois Intrigas, confusões, dramas, mentiras... Helena Ferraz estava acostumada com aquilo, no entanto, ela não podia encarar ou resolver as coisas como uma adolescente, não mais. Porque agora, ela é adulta, e tinha que a...