censura do corpo falado. censura do corpo que fala. censura do gozo e do rijo. da voz gritada, da voz calada. do ventre e do prazer, da libido do medo escondido. censura do sentir, da falta, do excesso. censura do que pensa, do que acha, do que opina. censura da verdade mal digerida, das mentiras plantadas, das neutralidades disfarçadas. censura da calma e da raiva, do que é certo e errado. censura dos impulsos, da polidez. do ventre, dos seios, do corpo nu. censura das veias imersas em sonhos, devaneios. das idas e vindas, das voltas que não voltam. censura do passado, do presente, do futuro. censura do que fui um dia, do que serei. censura dos erros, dos acertos, das tentativas não concluídas. da coragem, da covardia, da vontade de mostrar os dentes. censura dos pés que movem, das mãos que empurram, dos olhares desatentos e obsessivos. censura do que tem de pior, do que tem de melhor, do que não tem. o perigo de se censurar até não saber mais quem é. quarto vazio, escuro, cheio de nadas. um ciclo que se repete. cala, esconde, adoece, mostra, grita, cala, esconde, adoece, adoece, adoece, grita.
