estou deitado. acordei. e ainda estou deitado em um dia qualquer de maio. só agora lembrei, depois de ter escrito que ainda continuo acordando em um maio qualquer de um outro ano qualquer de um verso de helder que diz estou deitado no nome: maio. maio é o mês da violência contra os lírios, das bocas em espasmos pela negação do medo. maio é um bom mês para provar a vastidão das cem ideias: quando os pulsos doem com peso de uma taça de pedra, a garganta arranha com o milagre do último fruto. as lojas de girassóis exigem atestados de boa conduta para elevar a mão até à sombra da boca ou ao turbilhão das sementes inventadas. resta ainda o risco vertical do espaço para quem tem credencial para segurar o fôlego e liberar o arrependimento.
maio dorme, como uma língua fria.
