Distância.

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Enxergo pérolas no mar calcificado dos teus olhos.

Imagino nossos corpos em comunhão com o nascimento da lua enquanto o sono não se aconhega entre nós.
Escrevo um soneto sobre o seu corpo,
Entre as pernas e as mãos caladas, concebido pelo prazer de estar sob o olhar de uma sereia que gemia para mim, fui levado mar a dentro e achei que não conseguiria voltar.

Sou marinheiro de primeira viagem, só conheço recifes de corais, e estava indo longe demais.

Suas mãos rasgavam as estrelas em meu corpo, sentia estar tocando a névoa cada vez mais difícil de segurar.
Pedi as estralas que deixassem durar a dor que for.

Pedi a sereia que me avisasse quando disse embora para ao menos me despedir.
Pinto quadros seus em meus pesadelos quando lembro que não iremos mais dormir juntos, e com medo disso tudo, mal consigo dormir às noites, meus olhos perambulam pelo vazio, sou atravessado pela possibilidade da solidão, invadido pelo desespero.

O cheiro impregnado na camisa faz o coração padecer, e na janela vejo nosso gato miar para a lua com suavidade.
Encaro as estrelas como quem, agora esclarecido, entendesse o real significado de distância.

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