Epifania.

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Teimosia é o meu nome do meio e por isso eu fui atrás de você, só que dessa vez eu joguei o seu jogo.

Minha intuição estava me chacoalhando pelos ombros, por isso resolvi escutá-la.

Engoli o orgulho, dei o primeiro passo e te chamei... você prontamente respondeu como se nada tivesse acontecido e começamos uma conversa depois de tanto tempo.

Meu corpo tremia enquanto eu digitava, a sua energia passou para mim através de palavras e eu não me contive, fiquei feliz (sei que não deveria).

Eis que um raio cruzou minha mente de um canto a outro, prendi a respiração, reli aquela nova conversa e constatei o que tanto perturbava os meus pensamentos: Você só estava falando de você mesmo eu dando brechas para você saber de mim.

Você não estava interessado em conversar comigo.
Você estava, na verdade, interessado no meu interesse por você naquele momento.

Eu sempre fui a pessoa que notava aquilo que os outros nunca viam ou ignoravam em você, você sempre gostou de olhar o seu reflexo enquanto meus olhos castanhos brilhavam.

Feito Macabéa se olhando no espelho, eu encarei aquelas mensagens espantado enquanto meus pensamentos "não-tão-paranoicos-assim" começaram a fazer todo o sentido.

Epifânia seguida de alívio.
"Ufa, eu não estava exagerando".

Se semanas atrás você estivesse perdido no meio da rua e precisasse de ajuda, eu teria dado todo o suporte do mundo.

Mas se amanhã eu te encontrar perdido no meio da rua, eu só terei a decência de te apontar o caminho... qualquer coisa além disso "seria demais pra mim".

E ali nas virtualidades das mensagens te deixei falando sozinho, você com você mesmo.

É uma pena que não exista mais um santuário em sua homenagem aqui.
Escutei algo quebrando, por sorte não fui eu.

E só porque eu olhei, você fez que não me viu.

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