Uma de suas cartas caiu de dentro de um livro enquanto eu organizava a minha estante, não sei ao certo se foi de “O Pacifista” ou de “Aventura em Bagdá”, mas sei que isso ocorreu enquanto eu mexia em um deles.
Existe uma breve magia em encontrar algo perdido e, além disso, fica claro que essa carta passou desapercebido todo esse tempo e calhou de ser encontrada justo hoje…
Justo quando você escreveu sobre estar “cansada de amar”, porém, cheguei a uma conclusão diferente ao reler sua relíquia extraviada.
Na verdade, você está cansada de amores que cansam.
Sim, há amores que cansam e que causam uma tremenda exaustão, contudo, eles não impedem que você goste da outra pessoa.
Penso que acreditar que o amor não machuca em nenhuma medida pode ser um tanto ingênuo, afinal, ele não se explica e apenas acontece.
Ou seja, ele pode até machucar um pouco, mas a felicidade no “conjunto da obra” deve ser maior que dor e tristeza.
Alguém pode te despertar o amor e, ainda assim, te fazer mal.
É aquela sensação de que você está “tentandotentandotentando” e nada se resolve ou quando parece que você está tentando olhar apenas “o lado bom” enquanto “o lado ruim” está criando uma cratera entre vocês dois.
Talvez não seja o momento certo ou até mesmo a pessoa certa na sua vida, entretanto, a consideração e a estima que você tem pela pessoa é “maior”.
É cansativo ser a pessoa que sempre se importa mais.
É cansativo viver para apagar incêndios recorrentes.
É cansativo não ver a evolução das coisas.
E ser consumido por tudo isso é exaustivo.E, vez ou outra, romantizamos os amores difíceis.
Lutar pelo amor de alguém não deveria ser alvo de tanto glamour, afinal, qual é o ponto de duas pessoas passarem mais tempo impedindo uma relação de vir abaixo do que, de fato, a aproveitando?
E vale reforçar que uma coisa é se preocupar e prezar pelo bom funcionamento dos relacionamentos, outra é achar que você tem que lutar para que alguém fique na sua vida.
Toda forma de amor que se torna maior do que seu amor-próprio precisa de cuidado.
Se apenas você concorda, cede, agrada ou se esforça (os atributos da tão-aclamada “luta pelo amor”), então, definitivamente, há algo errado.
O amor cansativo existe, ele só não é saudável.
São nessas “lutas” que acabamos por nos distanciar silenciosamente daqueles que partilham a mesma cama que nós.
Tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe de nós.
O amor é sempre complicado e confuso, mas não deve ser cansativo ou uma obrigação.
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