Ele.

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Tenho uma enorme admiração por todas as técnicas que o universo usa para os encontros.
Quem diria que iria fazer-me acreditar que o amor pode ser bonito novamente?
Quem diria que seria você, aquele moço de blusa dos Beatles com uma edição de o paraíso perdido na mão,
A barba mal feita e olhando sempre por cima dos óculos, que iria conquistar-me desse jeito tão seu.

Ele, tem um jeito tímido e quieto, mas sabe conversar sobre qualquer coisa, e acho fofo quando tento entender as suas teorias difíceis sobre filósofos e sutilmente ele explique-me, ou quando ele senta na mesa para ler o seu livro, os seus olhos apertados ficam focados sem perder nenhum detalhe, e dou-lhe um beijo de mansinho na testa, Rapidinho retribui, me dando um beijo com gostinho de café.

Obrigado universo por está maravilhosa visão que é ver-lhe assim. Ele sabe ganhar-me quando traz o café quentinho na cama, ou quando me ajuda na cozinha a fazer aquela comidinha que tanto gostamos. Mas o que eu gosto mesmo, é das trocas de olhares, de tomar da sua cerveja, de quando você me puxa para dançar "take on me" e cantar feito dois desvariados. Adoro as suas mãos no meu cabelo, o toque suave. Ele sabe que fico toda derretida quando fico por horas acordadas revisando os meus textos, ele vem fazer-me companhia lendo poemas do Neruda e fica-me elogiando: "como tenho sorte em ter um ser humano tão incrível para chamar amor"? "Invasora do planeta amor você conquistou-me", "musa do meu universo literário". Ele fica a sorrir até os olhos ficarem minúsculos quando me ver vestida com as suas blusas de super-heróis favoritas, ele sabe que o meu cheiro vai ficar nelas por uns dias. E vai ligar-me a desejar bom dia falando que está com saudade. Ele gosta de deitar na rede armada na sala porque sabe que vou aconchegar-me, gosto da sensação de estar protegida naqueles braços branquinho como neve. Ele sempre coloca na vitrola uma música do Chico Buarque baixinha de fundo para cada um ler ao lado do outro, tocando delicadamente os dedos, alisando o cabelo, sorrindo feito dois adolescentes apaixonados. O mundo pode parar naquele momento, capturar, gravar, porque os nossos silêncios são como poesia. Ele sabe que eu gosto de vê-lo tocar violão, principalmente quando toca as minhas músicas queridas. Ele sempre finge que perdeu a partida no vídeo game só para me ver sorrir. Ele tem o hábito de organizar livros por cores, mas mudou, agora são por autores, para não inquietar o meu toc. Organiza numa agenda os nossos pequenos passeios, e eu só desejo andar por aí segurando a sua mão. Ele trouxe-me os dias calmos, a sua paciência em entender o meu tempo, e eu o dele. Trouxe tanta leveza e cor para os meus dias. Trouxe os cachorros, sua família, suas plantas e suas manias. E eu pensei que não teria mais força para amar, segurou-me, e mostrou que sim, nós podemos, juntos. Dividir o nosso mundinho peculiar. Que sorte a nossa de nos encontrar, meu rapaz.

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