A fraca luz da lua crescente adentrava o quarto através da janela aberta, juntamente da brisa noturna que balançava as cortinas quando Kirishima acordou. A raposa ainda se sentia levemente grogue devido aos remédios e um pouco confuso pelo tempo que havia dormido, mas Kirishima se lembrou de que estava no quarto de Katsuki, quando suas narinas foram agraciadas pelo suave aroma que o lobo emitia. O cheiro dele misturado ao seu marcado em seu corpo.Katsuki o abraçava por trás, um pouco apertado ao que formavam uma conchinha; e o que foi um pouco difícil na hora de se virar para de frente com ele. Momento esse que Kirishima notou que havia travesseiros a sua volta, alguns lençóis amontoados abaixo de seu corpo e ao seu redor, e algumas camisas de Katsuki espalhadas pela cama. Olhou com surpresa para o lobo que repousava ao seu lado, dormindo tão profundo e solenemente que chegava a ronronar; trajando apenas um short azul claro de algodão. E então Kirishima sorriu pequeno, tocando a pálpebra fechada de Bakugo com os lábios, se sentindo confortável, acolhido, cortejado e abobalhado pelo ninho que Bakugo havia feito para sí.
Ao se afastar, a atenção de Kirishima se voltou para a mão de Bakugo, que repousava pouco abaixo de seu pescoço; as juntas dos dedos cobertas por curativos. Kirishima pegou a mão de Bakugo, fechando os olhos ao que colocou a mesma sobre seu rosto, beijando a palma. Fitou Bakugo por entre os dedos, sentindo um certo incômodo por ser a razão daqueles machucados. Bakugo ainda não lhe contara abertamente sobre o que havia acontecido; assim como ele próprio havia se esquivado de contar mais detalhes sobre o porquê havia sido sequestrado e surrado daquele jeito. Mas referente a Bakugo, não era como se de fato ele precisasse lhe contar algo. Algo em sí já lhe dizia, que só estava vivo por causa de Bakugo, que ele fora aquele que o salvou.
E pensar naquilo, o fazia ter pensamentos excitantes e vergonhosos.
Kirishima grunhiu, baixinho e inconformado, por estar machucado e por — palavras de Ojiro — estar proibido de fazer qualquer tipo de esforço que pudesse causar mais algum dano nos ossos de sua costela. E era tão frustrante estar incapaz de agradecer Bakugo do modo que gostaria.
Em outras palavras, Kirishima Eijiro estava proibido — até segundas ordens médicas — de ter relação sexual.
Condição de merda.
Começando a sentir a garganta seca e moderadamente excitado, Kirishima se arrastou pela cama; ignorando o fato de que sua parte raposa estava inconformada, por ele ter desfeito o ninho que Katsuki possivelmente levou tempo para fazer, e então se levantou, sentindo o efeito dos remédios estarem passando ao se direcionar até a porta.
Estava tudo muito silencioso. Não tinha certeza de que horas poderiam ser, mas devido ao silêncio, era tarde e provavelmente todos já haviam ido dormir. Então, seguiu em frente, descendo as escadas com um pouco de dificuldade e indo em direção à cozinha.
Lá encontrou a luz do cômodo ligada, e usando um hobbie de seda perolado, estava Mitsuki, de braços cruzados esperando a água da chaleira ferver.
— Eijiro? O que faz acordado a essa hora? Precisa de algo? — Mitsuki perguntou ao notar sua presença; com seu tom de preocupação.
— Eu só queria um pouco de água. — sua voz saiu um pouco baixa e rouca.
Mitsuki o encarou por um momento, como se estivesse analisando a situação ou pensando em algo. Ela o olhava tão atentamente que Kirishima começou a se sentir constrangido, como se estivesse despido e sendo exibido.
— Se estiver tudo bem para você, me acompanha em um chá? — Mitsuki perguntou, com um pequeno sorriso.
E Kirishima tinha outra escolha a não ser concordar?
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The Love We Share - Livro 1
FanfictionEm um mundo onde híbridos de Lobos e Raposas coexistem, rodeados de preconceito e demarcação de territórios. As leis foram alteradas, mas nem tudo é como deveria ser.