Para uma mãe, era comum ter sensações de nostalgia sempre que se passeava pelas ruas e avistava uma outra mulher com um barrigão, esperando por um filhote; era nostálgico a recordação da descoberta e dos desafios da gestação, da sensação de ter o filhote se desenvolvendo. Nostálgico quando se via os sorrisos nos rostos dos país bobões se divertindo no parque com o filhote, até mesmo aqueles que se viam emocionados com os primeiros passos. E Mitsuki tinha aquela sensação de nostalgia com mais frequência do que imaginava ser possível.
E mesmo naquele momento difícil ao qual a família toda estava envolvida e vivenciando; não era diferente. Para Mitsuki estava sendo nostálgico a reclusa de Katsuki em tomar banho; como quando ainda pequeno se recusou a tomar banho após passar um dia inteiro na rua jogando basquete com Shinsou. Nostálgica a sua reclusa em se negar a comer; como quando o pequeno Katsuki tinha seus 6 anos de idade e saiu correndo pela casa gritando "Não quero! Não quero!" por se recusar a comer as pequenas, feias e nojentas verduras que haviam sido colocadas em seu prato.
"É como daquela vez.." era inevitável pensar.
Mas diferente daqueles dias, Mitsuki não estava correndo atrás de seu pequeno Katsuki pela casa toda, brigando com ele, para que ele fosse tomar seu banho, enquanto o mesmo soltava altas gargalhadas se divertindo com a situação. E também não estava lhe prometendo sorvete de chocolate com cobertura de caramelo como sobremesa, caso ele comesse toda as verduras em seu prato. E vendo seu filho ali, jogado no sofá, como estivera nas últimas horas; com o olhar perdido e em completo silêncio, Mitsuki queria poder gritar, brigar com ele por causa de sua teimosia e fazê-lo entrar naquele maldito banheiro. Fazê-lo comer mesmo que fosse todas aquelas frituras gordurosas que ele insistia em comer sempre que saia com Shinsou. Fazer o coração de seu menino parar de doer e lhe arrancar de todo aquele tormento que o consumia aos poucos diante da falta de notícias de seu amado. Mas Mitsuki não podia, e não sabia mais o que fazer.
A sua sorte era ter Masaru. Sua base e sua força; o seu pilar a quem sempre se apoiava e a ajudava à se erguer. Sempre tranquilo e pé no chão. Aquele à quem sempre recorria para lhe ajudar a tomar as melhores decisões.
Decidiu ir até o esposo, que estava andando de um lado para o outro perto da escada, falando com o seu chefe em uma chamada pelo celular; mais especificamente dando uma desculpa esfarrapada por não ter comparecido ao trabalho naquele dia. Mas o fato era que Masaru não poderia ligar menos, para qualquer trabalho que ficasse acumulado em sua mesa. Havia sido uma surpresa quando na noite anterior Mitsuki lhe contou que Katsuki estava se relacionando com um garoto raposa; mais precisamente por ser uma raposa. Outra coisa que não poderia ligar menos. Porém, foi ainda mais surpreendido ao saber que o garoto havia simplesmente desaparecido. Não conseguia imaginar um motivo para aquilo está acontecendo ou como seu filho estava se sentindo, mas lhe afligia vê-lo tão vulnerável daquela forma, necessitado por respostas. E Masaru faria qualquer coisa para fazer seu filho sorrir outra vez.
Desligou a chamada com seu chefe e estava para realizar a pior ligação que poderia fazer em sua vida, quando a porta da sala foi aberta de supetão, fazendo um baque alto e Shinsou passou pela porta como um furacão, atraindo a atenção de todos ali.
— Shinsou? — Mitsuki foi quem se prontificou, olhando para o garoto com preocupação. Era notável a estranha alteração em seus feromônios; Shinsou nunca esteve tão agitado como estava naquele momento — O quê aconteceu?
— Eu.. — disse incerto, olhando para todos ali presente. — Eu preciso falar com a tia Miruko.. Eu soube de uma informação.
— É sobre o Eijiro? — Katsuki perguntou, sua voz saindo mais alta do que o esperado; correndo até o amigo e o segurando pelos ombros — Acharam ele? Aconteceu alguma coisa com ele? Me fala, porra!
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The Love We Share - Livro 1
FanfictionEm um mundo onde híbridos de Lobos e Raposas coexistem, rodeados de preconceito e demarcação de territórios. As leis foram alteradas, mas nem tudo é como deveria ser.