The Love We Share - Livro 1

40 - Refúgio

A primeira vez em que Kirishima se envolveu em uma briga com um garoto lobo, ocorreu logo depois do mesmo ter entrado para a escola primária. Durante uma aula de desenho; e que assim como qualquer outra criança, que era inquieta de mais para não conseguir ficar mais que cinco minutos sentada em seu lugar, Kirishima estava de pé diante de sua mesa, fazendo o seu desenho sobre as coisas ao qual mais gostava, quando no exato momento em que iria voltar a se sentar, outro garoto simplesmente puxou sua cadeira, fazendo com que Kirishima caísse com tudo no chão.

Kirishima havia ficado deitado no chão por um momento, sem nem mesmo fazer menção de que iria chorar, — o quê seria algo que qualquer outra criança teria feito — até que então, houve as risadas. Envergonhado por ter caído daquela forma, Kirishima então se levantou, encontrando o garoto lobo parado logo atrás de sí, também rindo e ainda segurando sua cadeira. E claro, não havia sido  nem mesmo necessário perguntar o porquê daquele garoto ter feito aquilo, aquele olhar presunçoso e arrogante já dizia muita coisa.

E com a vergonha sendo  substituída pela raiva, aos quatro anos de idade, Kirishima deu o seu primeiro soco.

Com o passar do tempo, Kirishima não precisava nem mesmo de um motivo plausível para se envolver em alguma briga; bastava algum lobo lhe olhar torto e torcer o nariz que a raposa já partia para cima.

E foi em umas dessas brigas que Kirishima conheceu os gêmeos Kaminari; que estavam de passagem pela rua e viram aquela façanha, resolvendo parar para o ajudar, visto que a raposa vermelha estava em desvantagem.

E daquela forma estranha, acabou por surgir uma nova amizade.

Bem, de forma estranha, diga-se por Neito sendo insistente da forma que era, arrastando Kirishima para que ele os acompanhassem até o ginásio ao qual Denki teria um jogo de basquete naquele dia. E sem muita alternativa, Kirishima se permitiu ser levado.

E foi surpreendente ver como Denki era mais do que bom jogando aquilo, que mesmo sendo alguém sem muita altura e uma das poucas raposas presentes na quadra, suas habilidades superavam a de qualquer lobo que estava ali. Era simplesmente incrível.

— Você deveria tentar. — sugeriu Neito, se referindo ao esporte — Assim não vai ter tempo para arruinar esse lindo rostinho em brigas de rua — e ele sorriu, passando de leve o polegar sobre o corte que Kirishima tinha no lábio inferior.

Kirishima apenas o afastou, tentando ignorar aquela vergonha por ser elogiado daquela forma tão descarada, e que havia deixado seu rosto vermelho; voltando sua atenção para a quadra e sem lhe dar nenhuma resposta. Mas Kirishima não podia deixar de pensar que aquela não era uma ideia tão ruim.

Entretanto, por serem de escolas diferentes, Kirishima passou a se encontrar com os gêmeos após as aulas e nos finais de semana; em uma quadra de rua que havia perto da casa dos mesmos, e onde aprendeu o básico de basquete com a ajuda de Denki.

No ano seguinte, Kirishima havia requisitado sua inscrição para o clube de basquete. E aquele passou a ser o seu refúgio.

Com sua entrada para a Shiketsu, Kirishima conheceu Tetsu e Tomo, que por serem os novatos daquele ano, o trio acabou ficando bem próximo; se tornando destaque entre os demais devido o bom desempenho e na forma como eles executavam as jogadas. E para Kirishima, toda a sua concepção sobre o que pensava sobre os lobos, começou a mudar.

Isso até ambos os lobos provarem o contrário.

Kirishima nunca havia se sentido tão ridículo e idiota por ter confiado em lobos tão cegamente, ter permitido eles serem tão íntimos em sua vida, e principalmente, por ter cogitado a possibilidade de ter encontrado o seu parceiro em um deles. Lobos eram lobos e nada mudaria isso.