O leito era mal iluminado. Sem janelas e com uma fileira de luzes defeituosas, ao qual piscavam incessantemente como as luzes de uma boate. E o pequeno e ruidoso ventilador, infelizmente não o impedia de sentir aquele cheiro forte de mofo.
Certamente, não era como se alguém pudesse esperar por algo luxuoso ou minimamente limpo, vindo de um "hospital" clandestino que ficava no porão de um prédio abandonado.
Um hospital ao qual criminosos procurados recorriam quando necessitados por um tratamento de emergência.
E estar em um lugar como aquele, só significava uma coisa: a situação ao qual Aoyama se encontrava, era uma verdadeira merda.
Aoyama fechou os olhos por um momento; inspirando fundo ao que tentava vasculhar em sua mente, o que havia acontecido depois de ter sido atingido por Shin Nemoto.
Mas o fato era que sua mente estava uma verdadeira confusão; suas memórias não passavam de borrões, e uma das poucas coisas ao qual se recordava, era de uma voz familiar chamando pelo seu nome.Entretanto, Aoyama se lembrava perfeitamente de Kei; sentado no banco do motorista e morto com um ferimento na cabeça. Também se lembrava de Nakajima, de como ele havia implorado por perdão e falado sobre seu filho em suas últimas palavras. Assim como também se lembrava do momento em que Tokoyami saiu do seu lado, se pondo na mira do inimigo e levando diversos tiros em seu peito.
O seu Fumi.. aquele que jurou sempre estar ao seu lado.
Um nó se apertou em sua garganta, e lágrimas de raiva e tristeza escorreram por seu rosto.
Mas Aoyama não foi capaz de chorar ou de expressar a dor em seu peito; quando tudo o que pôde fazer, foi ignorar a dor em seu corpo e se levantar de supetão. Inclinando o corpo para o lado e vomitando no chão.
Aoyama tossiu e resfolegou. Se sentando sobre a maca ao que desesperadamente, arrancava de sí todas aqueles fios e agulhas presos ao seu corpo; fazendo com que o monitor de multiparamétrico que monitorava seus sinais vitais, disparasse em um beep contínuo e irritante.
E aquilo doeu. Doeu para caralho. Mas Aoyama não se importou. Sua dor física e emocional iriam se cessar naturalmente, quando ele colocasse suas mãos em Chisaki Kai. Afinal, em suas últimas lembranças, aquele bastardo ainda estava vivo.
— O que está fazendo?
Aoyama se assustou ao ouvir aquele questionamento repentino; ficando completamente paralisado no lugar, com o pensamento corriqueiro de que estava delirando devido aos remédios injetados. Pois de todas as pessoas, Aoyama definitivamente não esperava por ouvir algo como aquilo vindo dele.
Ele poderia até esperar pela aparição de Chiyo; a médica nada gentil que administrava aquele lugar, — mas que acolhia e cuidava de seus pacientes igualmente, por mais terrível que seus crimes fossem — Ou poderia até mesmo esperar que fosse Dener, o assistente de Chiyo; um alemão de dois metros de altura, psicopata e procurado pela Interpol.
Mas não era o psicopata do Dener, e nem mesmo Chiyo, querendo lhe arrancar as orelhas devida a sua negligência em querer sair dali de tal forma.
Era Tokoyami quem estava à sua frente. E foi Tokoyami quem veio em sua direção e se pôs por entre suas pernas; o abraçando pela cintura e apoiando a cabeça em seu colo.
— Porra..— ele murmurou— Você me deixou tão preocupado.
Aoyama o encarava com os olhos esbugalhados e marejados; sem conseguir conter suas mãos e os lábios que tremiam. Sem ter certeza do que exatamente deveria fazer.
E levou um tempo para Aoyama criar coragem para erguer a mão e tocá-lo em sua orelha felpuda; deslizando os dedos suavemente sobre a cartilagem, até que sua mão se fechasse por completo em volta da orelha e ele pudesse sentir a maciez de pelagem por toda a sua palma.
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The Love We Share - Livro 1
FanficEm um mundo onde híbridos de Lobos e Raposas coexistem, rodeados de preconceito e demarcação de territórios. As leis foram alteradas, mas nem tudo é como deveria ser.