The Love We Share - Livro 1

17 - Casa do lago - Parte I

↬ Sexta-feira ↫

Kirishima inspirou fundo e expirou em meio a um bocejo, esticando os braços para cima para afastar a preguiça do corpo. Suspirou cansado e apoiou as costas no tronco de uma árvore que estava logo atrás de sí, projetando uma fresca sombra em um dia quente. O olhar então se desviou de seu caderno — ao qual respondia algumas questões de história, para deixar a atividade adiantada — e se prendeu a imagem de Bakugo, que junto de alguns garotos de outra turma, jogavam basquete apenas pela diversão na quadra ao ar livre, que era usada para as aulas de educação física. Mordendo o lábio em um pequeno sorriso ao vê-lo se gabar de uma cesta marcada. 

Aquilo era tão ele. 

— Você não é muito discreto. — ouviu Sero dizer ao se sentar ao seu lado, lhe entregando uma bandeja com alguns onigiri. 

— O quê quer dizer? — perguntou, pegando a bandeja e removendo a embalagem rapidamente. Estava faminto. 

— O jeito que você olha pro Bakugo. — disse — Não é muito discreto. 

— Humpf, disse o cara que beijou o Hitoshi na minha frente. — murmurou de boca cheia, voltando a olhar em direção à quadra.

— Achei que já tinha superado isso, Kirishima. — Sero murmurou envergonhado, furando a caixinha de suco em suas mãos com um canudo.

Com a correria que estava sendo aquela semana, devido os últimos preparativos para o intercolegial e a quantidade excessiva de atividades escolares para serem feitas; Kirishima e Sero que mal tiveram tempo para um descanso naquela semana, apenas foram adiando aquela conversa sobre o que havia acontecido no início daquela semana, ou sobre o que aconteceu após terem se separado e cada um ter ido para um lado diferente. Mas com toda aquela cena que ocorreu naquela manhã de segunda-feira, ambos estavam cientes da relação que o outro tinha; o que de certa forma havia sido reconfortante, por saberem que não estavam sozinhos naquele barco que era se relacionar com um lobo. E aproveitando aquele momento de descontração enquanto lanchavam juntos, e sentindo que finalmente podiam respirar, Kirishima o questionou:

— Aliás, quem deu o primeiro passo? — a pergunta foi recebida por uma expressão constrangida de Sero — Já havia notado antes que alguma coisa rolava entre vocês dois, mas não imaginei que fossem acabar assim.

— Ah, isso foi ele. — respondeu curto e simples, mordiscando o canudo ao qual tomava o suco.

— Humm... é de se esperar, ele é bem atrevido. — Kirishima riu, se lembrando de quando Shinsou começou a lhe cercar, para propor que entrasse no clube como técnico. 

— Ele é sim. — disse e sorriu, pequeno mas contente, olhando em direção a quadra; onde Shinsou também estava — Hitoshi viu em mim algo que ninguém mais viu. E ele é gentil, atencioso e muito carinhoso. — seu sorriso aumentou mais — Tinha que ter visto ele cuidando do machucado no meu joelho naquele dia. Era como se eu fosse a coisa mais preciosa pra ele. 

Kirishima sorriu. Conhecia bem aquela expressão no rosto do amigo; o sorriso bobo e os olhos brilhantes e apaixonados ao falar daquele que amava. Era como ele próprio costumava ficar quando começou a se relacionar com Tomo; se lembrando de como seus olhos sempre pareciam estar a procura do garoto de cabelos negros e curto, de como sorria facilmente com os mínimos e pequenos gestos que o outro fazia ao demonstrar afeto. Parecia até piada pensar que o cara que o deixava daquele jeito, havia sido seu primeiro amor e o responsável por partiu seu coração. E sentado ali olhando para o amigo que apresentava aquela mesma feição ao falar de Shinsou, o mínimo que podia fazer era esperar para que com eles tudo fosse diferente, e que o amor de ambos fosse retribuído na mesma intensidade.