9 - Segredos e conselhos

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↬ Quinta-feira ↫

Bakugo não estava puto. Estava muito puto.

Já fazia três dias desde o incidente que ocorreu em seu quarto e exatos três dias que Kirishima simplesmente o ignorava. Na sala de aula era como se Bakugo não existisse, e nos treinos não estava sendo muito diferente. Kirishima chegava na quadra, explicava o que fariam e seguia com o treino. O ruivo poderia ser uma raposa, mas desde que havia sido designado como técnico, ele não poupava os pulmões na hora de gritar com Bakugo ou com qualquer outro lobo na hora de mandar corrigirem suas posturas para um bloqueio ou arremesso ser mais efetivo. Mas não naqueles dias; ele não gritava mais, era como se Kirishima simplesmente tivesse tacado o foda-se justamente quando o amistoso aconteceria naquele sábado de manhã.

Bakugo havia tentado se aproximar para pedir desculpas por deixar que seus instintos mais primitivos o fizessem agir — literalmente — como um animal, mas antes que pudesse dizer qualquer palavra, Kirishima mostrava suas pequenas presas e rosnava; um claro sinal de que era para ele ficar longe. Seria fácil se manter longe como o outro gostaria, mas por algum motivo, sua parte lobo não parecia concordar, e era exatamente por causa desse pequeno detalhe, que Bakugo estava tão puto.

Ainda faltava alguns minutos para acabar o intervalo, e após se despedir dos colegas de time, o loiro andava em direção as escadas que dava acesso ao telhado da escola, com o intuito de tirar um cochilo e matar a próxima aula; com as mãos nos bolsos do casaco do time que usava por cima do uniforme e uma expressão irritada, Bakugo ignorava as pessoas que passavam por sí, na tentativa de qualquer interação ou cumprimento; não era intencional, seus ouvidos pareciam não captar nenhum som ao seu redor e em sua mente se passava mais uma vez a repris "daquele" ocorrido.

Estava sentado ao lado de Kirishima e o mesmo o zombou por causa de um filme e gargalhou, alto e deliciosamente, era a primeira vez que ouvia o som de sua risada e que o viu sorrir de forma tão sincera e espontânea. Bakugo se lembrava perfeitamente de naquele momento tê-lo achado lindo; com o cabelo caindo em seu rosto e dos detalhes que pareciam perfeitamente desenhados, da textura macia de sua pele quando contornou seu rosto com o indicador, na curiosa cicatriz que lhe deixava mais selvagem e na vontade repentina de beija-lo ao vê-lo com os lábios entreabertos. Que tipo de droga era aquela? Nem quando estava no cio sentira tanta vontade de provar dos lábios de alguém. Se lembrava também do pensamento repentino de querer tocar sua orelha vermelha com a ponta preta para saber se a pelagem era tão macia quanto aparentava ser. E então veio o cheiro de seus feromônios. Bakugo já havia sentido o cheiro de Kirishima mais vezes do que gostaria, mas sempre era algo pesado e agressivo por o mesmo estar sempre irritado ou exaltado. Mas o daquele dia foi diferente, estava suave e doce; e com a memória de seu olfato, Bakugo poderia dizer com toda convicção de que nunca havia sentido um cheiro tão bom quanto aquele. E então, sua mente teve um circuito, ficando totalmente em branco, e quando se deu conta estava em cima dele, sendo empurrado e fitado por um par de olhos assustados.

" Que merda você pensa que está fazendo?"

A pergunta ecoava em sua mente como uma memória distante. E apesar de querer muito ter a resposta para aquela pergunta, naquele momento, Bakugo só tinha a certeza de que queria, e muito, sentir aquele cheiro mais uma vez.

— Seu merda do caralho! — rosnou para sí mesmo, passando as mãos de forma agressiva na cabeça, bagunçando ainda mais seu cabelo naturalmente rebelde, como se aquilo fosse afastar aqueles pensamentos.

Era realmente idiota querer sentir o cheiro de alguém que certamente o odiava, e não culpava Kirishima por isso, se a situação fosse o oposto também ficaria com raiva com aquilo.

The Love We Share - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora