13 - O lema da família

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↬ Domingo↫

Bakugo saiu do banho usando apenas um short preto de algodão, com a estampa ridícula de vários rostos de um cachorro chihuahua; peça ao qual havia ganhado de Shinsou no último natal. Era feio, confortável e ótimo para usar em dias quentes como aquele. Bakugo se jogou em sua cama, deitando com a barriga para cima, repensando mais uma vez nas últimas mensagens que havia recebido de Shinsou na noite anterior; que era na verdade uma confusão de informações, começando sobre o pai ter "aparecido" depois de tantos anos apenas com um cartão e um bilhete dizendo que lhe amava, algumas outras sobre a mãe que teria surtado quando soube que o homem havia aparecido e não lhe procurou, e como ela surtou novamente quando saiu do quarto e viu Shinsou sentado no sofá, o amaldiçoando por se parecer tanto com o pai. Coisa ao qual ele já não se importava mais, pelo menos quando se olhava no espelho poderia ter uma noção de como ele se parecia - já que não havia mais fotografias, pois quando Shinsou ainda era muito pequeno, em um momento de raiva, sua mãe havia queimado todas as fotos em que o homem era presente. - E ainda tinha a informação de que Shinsou e Sero haviam se beijado durante um encontro no dia anterior.

Por mais que não quisesse pensar naquilo, Bakugo se flagrava uma vez ou outra se questionando na possibilidade do que poderia acontecer caso o pai de Shinsou decidisse voltar para a vida do amigo - o qual a única coisa que todos sabiam a seu respeito era seu primeiro nome, Kenichi - se ele o levaria para longe para recuperar o tempo perdido ou seja lá qual fosse o tipo de baboseira que ele inventaria. Ou se essa aproximação faria bem ao seu amigo. Se perguntava também, curioso, em relação ao bilhete, no que o homem poderia ter feito, e na gravidade da situação que o tivesse forçado a fazer o que fez. Fugir. Mas de quem? De Asami, mãe de Shinsou? Da polícia por ter cometido algum crime? Ou era alguma outra coisa?

De qualquer forma aquilo não importava, independente do que ele tivesse feito, Kenichi teria de enfrentar a fúria de Mitsuki antes de se quer cogitar na hipótese de chegar perto de Shinsou outra vez. Bem, pelo menos em meio a tudo isso uma coisa boa havia acontecido. Shinsou estava feliz pelas suas tentativas de cortejar Sero terem dado resultados; e Bakugo sabia que, por mais que houvesse pedido para que Sero cuidasse de seu amigo, um lobo preto ainda era um lobo preto. Os mais fiéis ao seu parceiro e capazes de destroçar qualquer um que ousasse ter más intenções em relação ao seu escolhido. Ou seja, Shinsou estava em boas mãos.

E fora nesta mesma linha de raciocínio, que a mente de Bakugo trouxe a imagem de Kirishima; seguindo com a lembrança ainda fresca de como seu corpo havia reagido ao toque contra o dele, de como sentira o mesmo se arrepiar por inteiro quando seu olfato foi agraciado pelo cheiro de seus feromônios doce como o morango, da pele macia levemente corada e na forma como foi abraçado; e se fechasse os olhos, ainda poderia sentir a maciez daqueles lábios contra o seu e o leve sabor de menta em sua boca ao se beijarem, sedentos um pelo outro.

Havia pensado em lhe mandar uma mensagem, perguntar se ele estava falando sério sobre o que aconteceu na pequena sala do clube; se aquilo realmente nunca mais iria acontecer ou se ele achava mesmo que havia sido um erro. Bakugo não achava que fosse; muito pelo contrário, algo dentro de sí lhe dizia com todas as letras o quão certo aquilo havia sido. Como se houvesse algo a mais os atraindo um para o outro e como deveria apenas deixar acontecer. Mas não mandou, preferindo ver o que aconteceria quando se reencontrassem novamente no dia seguinte.

Bakugo suspirou, deixando todos aqueles pensamentos de lado e se virou, se deitando de lado, abraçando um dos travesseiros e deixando que seus feromônios exalassem para que seu corpo relaxasse, e então pudesse tirar um cochilo.

Estava quase adormecendo quando ouviu batidas fortes e incessantes contra a porta principal da casa; fazendo com que despertasse assustado. Bakugo rosnou, gritando um "Já vai" enquanto saia da cama e se direcionava as escadas, vestindo uma regata preta que estava jogada pelo quarto. Maldita hora para que seus pais estivessem em uma espécie de encontro e seu descanso de domingo fosse interrompido.

The Love We Share - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora