35 - Como se nada importasse

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Sendo um lobo, os instintos era algo que não se dava para lutar contra. Não se podia ignorar aquele instinto de querer cuidar e proteger aqueles que amava, de agir de maneira conveniente e ate mesmo primitiva, usar dos feromônios para marcar e dominar seu território ou até mesmo para se submeter pela força, afugentando aqueles que eram vistos como uma ameaça. Lobos eram lobos, afinal, e Sero sendo um, não podia simplesmente ignorar aquele instinto de querer ajudar e cuidar de um amigo, alguém que  apreciava, e que poderia acabar se envolvendo em algo perigoso.

Era de seus instintos querer acompanhar e garantir que Kirishima ficasse bem. Mesmo que julgasse ser a pessoa menos adequada para aquilo.

— Isso é uma péssima ideia.  — resmungou Sero, a mesma frase que Kirishima provavelmente já estava cansado de ouvir, e em um período tão curto de tempo.

Mas por outro lado, Kirishima apenas bocejou em resposta, balançando a cauda de leve de um lado para o outro totalmente despreocupado. O céu estava encoberto pelas nuvens, cobrindo completamente o sol, e a brisa fresca do vento tornava o clima praticamente perfeito para se tirar um cochilo durante a tarde.

Talvez devesse fazer um ninho para a noite.

— Não precisa me acompanhar se isso te incomoda. Eu tenho que fazer isso sozinho de qualquer...

— A questão não é essa! — Sero o interrompeu, contendo um rosnado em sua garganta para não parecer agressivo — Agora eu estou envolvido e não posso simplesmente deixar que faça essas coisas sozinho. E se acontecer alguma coisa?

— Você está exagerando! Não é como se eu fosse incapaz de cuidar de mim mesmo.

— E não duvido disso. Mas o que você vai fazer se sua mãe descobrir sobre a marca que o Bakugo fez em você? — Kirishima o encarou com o cenho franzido, e Sero retribuiu o olhar, arqueando as sobrancelhas como se dissesse "é o seu rabo que está na reta, não o meu" — Não sei como funciona para as raposas, mas para os lobos isso é algo bem perceptível, mesmo não sendo uma marca definitiva.

— Não vai acontecer nada! Minha mãe está no trabalho e não deve voltar tão cedo. — Kirishima suspirou — Só vou pegar o que preciso e sair. Ela não vai nem perceber que estivemos lá.

Sero bufou.

— Espero que esteja certo. Se acontecer alguma coisa com você, é a minha garganta que o Bakugo vai...

E antes que pudesse concluir sua fala, Kirishima o segurou pelo pulso; o puxando e o jogando sem nenhuma delicadeza dentro de um arbusto, que rodeava uma árvore juntamente de um pequeno jardim.
Sero fechou os olhos ao sentir o impacto de suas costas batendo contra o chão, caindo de mau jeito sobre sua cauda, esmagando algumas flores e se arranhando em alguns galhos secos do arbusto. Tendo o rosnado e os resmungos pela dor sendo impedidos de sair, ao ter a mão de Kirishima tampando sua boca.

Sero abriu os olhos, ficando surpreso e igualmente incomodado ao se deparar com Kirishima sentado em seu colo, com seu corpo curvado para frente e o dedo indicador contra os próprios lábios, em pedindo para que ele ficasse em silêncio.

Eles estavam próximos, muito próximos. E aquilo era ruim em níveis catastróficos.

Tudo bem. Sem pânico, algo estava acontecendo e eles precisaram se esconder. Estar naquela posição imprópria com um amigo era algo justificável.

Não que fosse ficar excitado, ou começar a desejar fazer algo que propriamente era inapropriado. O problema era pior que isso.

Primeiro, Sero se acalmou do susto devido a ação repentina de Kirishima, respirando com calma. E então se atentou ao detalhe que poderia colocá-lo em problemas, ou seja, se estava liberando feromônios inconscientemente.

The Love We Share - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora