The Love We Share - Livro 1

45 - Confiança

Fazia-se exatamente quatro semanas, desde que Kirishima passou a residir na casa de Bakugo.

E foram quatro longas semanas para se habituar e se acomodar; sem que sua parte raposa se sentisse acuada ou desconfortável na presença dos outros dois alfas da casa.

No início lhe foi estranho, e até mesmo um pouco assustadora, a forma como Mitsuki o tratava; sempre sendo afetuosa e materna, por vezes agindo de uma forma tão carinhosa, que chegava a ser distinta de sua própria mãe. Quer dizer, Mitsuki não precisava se dar o trabalho de lhe perguntar o que ele gostaria de comer durante o jantar; diante de pequenas coisas como aquela, Kirishima aceitaria qualquer coisa de bom agrado e de boca fechada.

Já com Masaru, a coisa era completamente diferente. Não importava muito qual fosse o momento ou a situação, Masaru sempre deixava Kirishima nervoso; com um "sinto muito por ter nascido" preso em sua garganta e suas pernas sempre prontas para correr para o mais longe possível. Mesmo que Masaru estivesse constantemente cansado depois de chegar do trabalho, sem energia até mesmo para mandar  que Katsuki e Shinsou parassem de brigar e rolar pelo chão  por causa do controle remoto da televisão.

— e Kirishima apenas fingia não está vendo —

Mas no fim do dia, era nos braços de Katsuki que Kirishima esquecia todas as suas preocupações, onde encontrava o seu conforto e uma razão para ficar.  Porque mesmo depois de tudo, Kirishima tinha certeza de que havia feito a escolha certa.

E um sorriso se formou em seu rosto ao acordar naquela manhã; se sentindo completamente acomodado e aquecido  naquele abraço que envolvia o seu dorso.

— Hanta.. — bem, aquele murmúrio sonolento certamente desfez o seu sorriso, fazendo-o com que acordasse rapidamente.

Kirishima se virou para trás bruscamente;  franzindo o cenho e quase caindo da cama ao avistar que era Shinsou quem estava deitado ao seu lado, completamente inerte em um sono pesado e o chamando pelo nome de outra pessoa enquanto o abraçava.

Kirishima desejava poder estrangular aquele garoto.

Não era a primeira vez que — mesmo que um pouco apertado —  Shinsou dormia entre Kirishima e Bakugo, depois de ambos os lobos passarem a noite quase toda jogando algum jogo estúpido no celular; o que para o desagradado da raposa, acontecia com mais frequência do que ele gostaria.

E Kirishima não pode deixar de estranhar o fato de que Bakugo não estava ali, visto que havia se tornado algo comum — principalmente nos finais de semanas —  Bakugo o acordar enquanto espalhava beijos por seu pescoço e nuca, o fazendo com que ficassem boa parte da manhã de preguiça na cama apenas aproveitando a companhia um do outro. O que também servia como uma tática para expulsar Shinsou do quarto, para que tivessem um pouco de privacidade.

Mas antes que se colocasse de pé para procurar por Bakugo, Kirishima encarou Shinsou por um momento; fazendo uma careta como se estivesse vendo algo nojento, ao que Shinsou sorria e murmurava coisas desconexas, obviamente feliz com seja lá qual fosse o tipo de sonho que ele estava tendo com Sero. E ver aquilo apenas o deixava tentado a judiar um  pouco de Shinsou.
E como Kirishima tinha certeza de que a voz animal também  era a voz da razão, o ruivo prendeu o nariz de Shinsou com as pontas dos dedos; sorrindo com o sofrimento do pobre do lobo que buscava por um pouco de ar para poder respirar.

— Aaargh eu tô morrendo! — Shinsou gritou, se sentando na cama em um sobressalto; levando a mão ao peito ao que tentava recuperar o fôlego — Kirishima, eu tô morrendo!

— Foi só um sonho, você não vai morrer. — disse, agindo naturalmente como se nada tivesse acontecido, ao sair da cama.

Shinsou meneou com a cabeça, mostrando ter compreendido; e pegando um travesseiro para abraçar, o lobo voltou a se deitar, com a pretensão de voltar a dormir outra vez.