A sala do diretor era fria de mais, em todos os sentidos da palavra. Paredes brancas com apenas alguns certificados emoldurados, um armário de arquivo no canto e uma mesa ocupada com os objetos necessários. Nenhuma fotografia de familiares ou amigos ou até mesmo uma planta; a única coisa que possuía vida ali, era o homem de cabelos brancos que ocupava aquela sala e os dois garotos.
Kirishima parecia não ligar muito de estar ali, afinal, não era a primeira vez que havia sido mandado para a sala do diretor por aquele mesmo motivo, tentava apenas ignorar o que acontecia ao seu redor, focando os olhos apenas no papel ensanguentado em suas mãos, do sangue que havia conseguido estancado do próprio nariz, esperando apenas pela sua sentença.
Por outro lado em uma ansiedade que estava começando a lhe incomodar, estava Bakugo Katsuki - ao qual descobrira o nome quando haviam sido chamados - o lobo ao qual havia brigado mais cedo, segurando uma bolsa de gelo contra o lábio inchado devido ao soco que havia recebido antes de ter conseguido imobilizar os braços de Kirishima. A perna de Bakugo se mexia tanto que Kirishima estava se segurando muito para não lhe dar outro soco para fazê-lo parar.
- Certo. - o diretor disse, fechando uma pasta e atraindo a atenção dos garotos - Kirishima, sua situação não é a das melhores.
A raposa abaixou a cabeça, numa tentativa de se esconder do olhar julgador do diretor e o de curiosidade do garoto ao seu lado.
- Primeiro, você foi transferido pra cá já no último semestre, em outras circunstância não teria problema, mas você tá no seu último ano e repetir não é uma opção, certo? - perguntou retoricamente - Você sabe também, que a UA não tolera esse tipo de comportamento e isso poderia acarretar em outra expulsão pra sua ficha.. Eu deveria ficar surpreso por ter esperado pelo menos uma semana antes de arrumar confusão com um dos meus melhores alunos?
Ridicularizado. Era assim que Kirishima se sentia. Tudo bem ter aquelas verdades jogadas na sua cara, era o que sua mãe mais vinha fazendo desde que recebeu uma ligação da antiga escola a convocando para uma reunião para notoficá-la sobre sua expulsão. Mas ter algo como aquilo dito daquela forma e na frente de outra pessoa, era de mais para aguentar calado.
- Então diz logo. - disse sem olha-lo, a voz saindo alta e embargada devido a raiva e a mágoa - Diz que sou um caso perdido e que vai me expulsar também; que não vale a pena ter que lidar com a merda de uma raposa que só causa problemas.
- Pelo contrário. - o homem disse - Eu tava vendo sua ficha e tenho uma proposta para te fazer. - Kirishima não respondeu, então prosseguiu - Se você ficar longe de qualquer confusão e pelo menos até o intercolegial ajudar no clube de basquete, eu posso mexer alguns pauzinhos e limpar sua ficha. O que me diz?
- O quê? - Bakugo que até então estava apenas ouvindo, se pronunciou, totalmente incrédulo com aquela decisão.
- Você ainda vai poder ir pra faculdade que escolheu com uma boa carta de recomendação. - podia ter sido um pouco duro no começo, mas ele sabia onde atingir seus alunos, principalmente os como Kirishima.
- Tanto faz. - disse Kirishima, se levantando e pegando sua mochila que estava no chão. - Se me der licença. - dito isso, se virou e saiu da sala.
- É sério isso, Nezu? - perguntou Bakugo após um momento de silêncio. - Ele me da um soco na cara e você propõe ele entrar pro meu clube?
- Admito que ele tem coragem. - disse em meio a uma risada. - Mas é sério sim. No fundo Kirishima é um bom garoto, se não fosse, suas notas não seriam boas, além de que ele era titular do clube de basquete da escola Shiketsu. Algo me diz para dar mais uma chance pra esse garoto. Ele só precisa do incentivo certo, e vocês estão na mesma turma. - disse com um sorriso sugestivo - Mas de qualquer forma, não é como se eu soubesse muito sobre os motivos que o trouxe até aqui. Mesmo com os riscos, Kirishima não quis contar de fato o que aconteceu.
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The Love We Share - Livro 1
FanfictionEm um mundo onde híbridos de Lobos e Raposas coexistem, rodeados de preconceito e demarcação de territórios. As leis foram alteradas, mas nem tudo é como deveria ser.