De todas as memórias guardadas, a lembrança favorita de Mitsuki Bakugo era de quando Katsuki tinha seus 6 meses de vida; sentando em sua cadeirinha de bebê, usando o macacão branco e azul de marinheiro e o babador verde água por cima, a mesinha da cadeira que outra hora era branca, estava toda amarelada da sopa que havia sido derramada, devido ao pequeno Katsuki ter pegado a colher e tentado ele mesmo comer sozinho. Suas mãozinhas gorduchas batiam fortemente contra a mesinha, fazendo com que a sopa fosse espalhada para todos os lados.— Meu Deus, Katsuki. — Mitsuki resmungou cansada, se sentando novamente de frente para o filhote, colocando a mamadeira com água sobre a mesa e puxando o pano de seu ombro para limpar as mãos, rosto e a orelha felpuda, onde uma cenoura havia grudado.
Katsuki sorria; achando graça da expressão de sua mãe que resmungava que teria que lhe dar outro banho. Mostrando os dentinhos que estavam nascendo juntamente das pequenas presas que começavam também a crescer.
— Cadê os dentinhos? — perguntou Mitsuki com uma voz fina e dócil, sorrindo para o pequeno Katsuki. Ele era tão gordinho e fofo que se tornava impossível não sorrir de volta; mesmo com toda aquela bagunça que ele fizera — Mostra os dentinhos para a mamãe.
— Mamai. — ele balbuciou, franzindo o cenho sorrindo, mostrando os dois dentes inferiores antes de voltar a bater as mãos na mesinha outra vez. — mamai, mamai..
Mitsuki que estava sorrindo, ficou completamente paralisada devido ao choque, sentindo as lágrimas se encherem em seus olhos e logo escorrerem por seu rosto.
Aquela havia sido a primeira palavra dita pelo pequeno Katsuki.
E ali estava Mitsuki outra vez; mordendo o lábio inferior, mesmo que estivesse usando um batom vermelho vinho, sentindo as lágrimas escorrerem por seu rosto ao olhar para o homem que Katsuki havia se tornado. Enquanto ele mantinha um grande sorriso em seus lábios ao abraçar o garoto raposa vermelha que havia assumido o cargo como técnico do time recentemente.
Seu coração doía ao ver o quanto seu filhote havia crescido; pois até a pouco tempo, ele era apenas um filhote que se sujava de mais. Mas da mesma forma em que sorriu ao ver seu pequeno Katsuki todo sujo de sopa e fazendo graça, Mitsuki sorriu ao que as pessoas na arquibancada ficaram completamente em silêncio, surpresas com a atitude de seu filho, — até mesmo a escandalosa de sua irmã, que estava ao seu lado havia ficado quieta — ao que Katsuki simplesmente beijou o outro garoto, ali na quadra e na frente de todo mundo.
— Uou.. isso.. foi.. — Miruku, irmã de Mitsuki, olhava para a cena tentando buscar as palavras certas para fazer tal comentário. Até que se virou para a mais velha — Muito... Espera, você tá chorando? Por que caralhos você tá chorando? — perguntou, mantendo a voz baixa.
Mitsuki apenas inspirou fundo, secando as lágrimas e colocando os óculos grandes e escuros, ajeitando a bolsa em seu ombro e dando as costas para a irmã, pedindo licença as pessoas e saindo dali o mais rápido que podia. Tinha largado todo seu trabalho e projetos de moda para o verão que se aproximava apenas para poder assistir ao jogo de seu filho. O plano era enchê-lo de beijos e dizer o quanto estava orgulhosa de seu desempenho e voltar para o ateliê rapidamente, mas depois da cena que presenciou, seus beijos de afeto ficaria para depois. Também não queria assustar o garoto raposa com sua presença; ou fazê-lo se sentir ameaçado de alguma forma. Afinal, um lobo alfa assusta mesmo que não seja intencional. Esperaria que Katsuki viesse por vontade própria lhe contar; deitar a cabeça em seu colo e lhe contar sobre a raposa. Fazer carinho em sua orelha e lhe dar conselhos.
Mitsuki então chegou ao estacionamento do ginásio e entrou em seu carro, sendo seguida pela irmã que não parava de falar e fazer perguntas; apenas a ignorou, colocando o cinto e ligando o veículo, o interior sendo tomado pela música que tocava na rádio. E com o coração palpitando em ansiedade, Mitsuki saiu dali, sem deixar rastros de sua presença.
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The Love We Share - Livro 1
FanfictionEm um mundo onde híbridos de Lobos e Raposas coexistem, rodeados de preconceito e demarcação de territórios. As leis foram alteradas, mas nem tudo é como deveria ser.