Se não fosse pela pequena pulseira em seu pulso, nem seu próprio nome, Agnes, saberia. Sem idade, casa e passado, foi assim que ela despertou deitada em uma cama, numa desconhecida e luxuosa mansão.
Agora, sem saber nada sobre si mesma, ela terá de...
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No domingo ao final da tarde, quando chego do jogo após uma derrota amarga, estou bufando de ódio. Espero que ninguém seja idiota te tentar me irritar ainda mais, se bem que a única pessoa capaz de fazer isso, é a Paola, e ao ver que meu antigo carro não está na garagem, imagino que ela tenha saído.
Entro em casa e encontro um par de mochilas sobre o sofá, e a Bia abraçada a uma Agnes que soluça de tanto chorar. Levo um susto, minha irritação até mesmo vai embora. O que pode ter acontecido para ela estar assim?
— Vocês estão bem? – Pergunto, me aproximando de ambas.
Bia solta a Agnes, e vejo que ela também tem os olhos rasos d'água, mas ela é filha da minha mãe, por tanto, aprendeu a não expressar demais o que está sentindo, como a coitada da Agnes que parece estar perto de ter uma convulsão.
— A Bia vai embora. – Agnes choraminga, entre os soluços.
Respiro aliviado, tinha esquecido como ela é dramática as vezes, e me seguro para não rir.
— Você pode visitá-la sempre que quiser. – Digo, tentando aliviar sua dor.
— Ela vai para a Londres. – Agnes explica, como se estivesse dizendo que o mundo está acabando lá fora. — Do outro lado do oceano.
— O que? – Estreito os olhos para minha irmã, que enfia as mãos no bolso da calça.
— Lembra que ontem eu me reuni com minha orientadora de pesquisa? – Ela pergunta, e eu assinto, concordando. — O cara que havia sido selecionado desistiu na última hora, então ela me convidou para preencher a vaga.
Fico boquiaberto, imagino que deve ser uma oportunidade e tanto para ela.
— Uau. – Murmuro. — Parabéns, pirralha.
— Obrigada. – Bia dá um sorriso sincero. — Eu vou viajar no sábado, então decidi passar essa semana com meus pais.
— E é definitivo?
— Por seis meses, depois eu volto. – Ela responde.
Encaro a Agnes com cara de "pra que tanto drama?".
— A culpa não é minha se você é um insensível. – Diz a baixinha, enxugando os olhos. — Seis meses é muita coisa.
— Passa voando. – Bia discorda. — Você vai ver, quando menos esperar eu estarei de volta.
— Você já estava de saída? – Pergunto a ela, vendo as mochilas.
— Sim, só estava esperando você chegar, para me despedir também.
— Eu vou lavar o rosto, não é pra ir embora até eu voltar. – Declara Agnes, antes de sair tropeçando na poltrona, nos fazendo rir, e arrancando dela um xingamento.
Ficamos esperando ela sumir no corredor, acho que vai até o banheiro de visitas nesse primeiro piso.
Balanço a cabeça, ainda rindo de sua peripécia, e Bia me dá um soco no ombro, tão forte quanto o de um cara.