Capítulo 1: Daniel

2.2K 457 794
                                    

    Já estou até meio cego depois de tantos flashes, tirei foto com todos os patrocinadores, colegas que apareceram para me prestigiar e uma centena de marias chuteira que sempre estão presentes nesses eventos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

    Já estou até meio cego depois de tantos flashes, tirei foto com todos os patrocinadores, colegas que apareceram para me prestigiar e uma centena de marias chuteira que sempre estão presentes nesses eventos. Uma nova etapa da minha vida acaba de começar, contratado por um time de primeira divisão com uma sala recheada de troféus, só preciso ganhar uns dois campeonatos com a nova camisa e sem dúvida alguma vou ser chamado para jogar na Europa, o sonho de qualquer jogador.

     Lúcio, o meu padrasto e empresário dá dois tapinhas nas minhas costas se despedindo.

       — Parabéns, campeão. Vou mandar duas garotas para sua casa, daqui a pouco. Aproveita, porque depois de amanhã já começam os treinos oficiais. – Diz ele gritando no meu ouvido por causa do barulho alto da música.

     — Quero aquelas duas. – Digo apontando para duas mulheres que haviam se esfregado em mim a noite toda. Elas são altas e loiras com peitos que mais parecem airbags querendo rasgar o tecido do curto vestido.

    Pelo visto, maior o salário, maior é os peitos que você tem à disposição.

    Ele balança a cabeça concordando, e eu me afasto dele. Lúcio é um baita cuzão insuportável, mas é um bom empresário, foi ele quem descobriu o meu pai anos atrás, e insistiu para que os times dessem uma chance para o filho do grande Zé Salles mesmo depois de tantos escândalos envolvendo esse sobrenome. É claro que ele faturou e muito com isso, e continuará a faturar, pois minha mãe é capaz de surtar caso eu troque de empresário.

    Saio do salão de eventos e o manobrista abre um sorriso ao me ver.

    — Já vou pegar seu carro, patrão. – Ele avisa e sai quase tropeçando nos próprios pés.

     É uma reação comum, eu mesmo era assim quando criança, vivia deslumbrado quando meu pai me levava aos estádios para conhecer seus amigos jogadores.

     Ele estaciona o Honda preto na minha frente, não faz nem quatro meses que o comprei, mas vou trocar por um esportivo veloz agora que estou ganhando seis vezes mais, isso sem falar das marcas que já estão me chamando para fazer merchandising com o nome deles.

    — Patrão, seu eu trouxer minha camiseta na segunda você autografa? – Ele pergunta me entregando a chave do carro.

  — Autografo sim, só chegar lá na grade com a caneta. – Dou uns tapinhas em seu ombro e entro no carro.

   Saio do centro de treinamento e programo o GPS para casa, em quinze minutos estarei tomando um banho quente para aliviar a tensão antes de receber as duas fãs que terão a oportunidade de passar uma noite no meu quarto. Ganho as ruas com velocidade, a chuva fina volta a cair depois de ter dado uma pausa durante a festa. Por sorte a polícia não liga muito para quem ultrapassa os limites nesse horário, não que isso seja problema, todas as vezes que fui parado o policial reconheceu o meu rosto e consegui me livrar da multa dando alguns autógrafos.

     Quando chego na marginal é uma reta de seis minutos até o condomínio fechado onde moro, mas posso fazer em três se pisar bem fundo no acelerador e é o que eu faço.

    O carro corta o vento como uma espada, imagino quando eu estiver numa Lamborghini, nada vai ser capaz de me fazer andar devagar numa máquina daquelas.

     Passo o primeiro viaduto duma sequência de quatro, o ponteiro do velocímetro marca 160km por hora, então o farol do carro ilumina um cachorro preto no meio da rua.

   Piso no freio na mesma hora, e mantenho o volante firme, porque se tentar desviar o carro vai rodar na pista. A velocidade cai bastante, mas ainda acerto o bicho com tudo, ele bate contra o para-brisas antes de rolar por cima do carro e cair atrás dele.

    Meu coração está martelando nos ouvidos, encaro o vidro rachado na minha frente. Sem dúvida alguma esse cachorro burro deve ter morrido.

     Respiro fundo tentando decidir o que fazer, alguma câmera pode ter pego toda a cena, se eu fugir vou ser o jogador ruim que mata animais, ai tchau contrato. Abro a porta do carro, após decidir pegar o corpo do animal e levar para a casa, assim alguém dá um jeito nele quando amanhecer.

    Desço devagar, olho envolta e não há ninguém, nem mesmo os viciados que costumam ficar debaixo desses viadutos. As lanternas traseiras estão acesas, iluminando a rua com uma cor avermelhada. Chego mais perto e vejo que não é um cachorro estirado na rua e sim uma pessoa.

Adeus vida dos sonhos!

Adeus vida dos sonhos!

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Ingênua [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora