Capítulo 18: Agnes

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Agora que só tenho fisioterapia duas vezes por semana e a Bia está participando de um projeto com a Marisa, passo muito mais tempo sozinha

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Agora que só tenho fisioterapia duas vezes por semana e a Bia está participando de um projeto com a Marisa, passo muito mais tempo sozinha. Se eu não houvesse arrumado uma ocupação, com certeza teria morrido de tédio nessas últimas três semanas. Ter um trabalho foi a melhor coisa que me aconteceu desde o acidente, não é nada fácil, às vezes surto um pouco e tenho uma crise de choro que é resolvida com uma taça de sorvete pingando calda de chocolate, mas é um bom trabalho mesmo assim.

Uso o planner que ganhei do Renato para anotar tudo o que tenho de fazer hoje, irei receber as postagens editadas no e-mail e tenho que selecionar os dias para publicá-las nas redes sociais. Depois responderei alguns fã-clubes e tenho que enviar mimos para eles, como camisetas e bolas autografadas.

Sei que tem outra coisa que devo estar me esquecendo, então coloco um ponto de interrogação e passo para as obrigações da tarde que consiste em estudar tudo que estiver no cronograma de estudos que a Bia montou para mim. As lições estão ficando cada vez mais complicadas, deixo todas minhas dúvidas anotadas para perguntar a ela depois, e à essa altura tenho duas páginas com dúvidas, pois não vejo minha amiga há quatro dias, desde que ela me levou ao médico para remover o gesso do pulso e fazer alguns exames. O doutor Menezes disse que fisicamente eu estou ótima, provavelmente não ficarei com sequela alguma, mas que minha memória ainda é uma incógnita e tenho que ir a um terapeuta o quanto antes.

O barulho da porta se abrindo me faz olhar sobre o encosto do sofá, pensei que ninguém estaria acordado à essa hora da manhã. Desde que pude abandonar a cadeira de rodas há dez dias, tenho usado as muletas para me locomover sozinha, e assim vou para qualquer lugar da casa quando me dá vontade. É claro que isso diminuiu meu contato com o Daniel, porque não preciso mais esperar pela ajuda dele, nem mesmo a noite. Geralmente estou tão cansada quando o dia acaba que não resta animo para sentir medo, deito na cama e durmo no mesmo instante... mas se precisasse da companhia do Daniel para isso, estaria perdida, porque ele mal chega dos treinos ou dos jogos e já saí de novo.

Decidi não me intrometer mais desde a última discussão que tivemos, eu disse para mim mesma que a vida é dele e ele faz o que quiser, inclusive no seu não relacionamento com a Antônia. Fico calada, entretanto não posso mentir que não estou chateada, ainda mais depois que ela chorou na nossa última sessão falando que ele está a ignorando. Meu grau de admiração pelo Daniel diminuiu consideravelmente, e não vou alertá-lo sobre isso, ele deveria saber que o que faz é errado, como a Bia me disse, ele não é nenhuma criança.

O olhar dele encontra o meu assim que ele passa pela porta segurando um pacote vermelho, usando apenas calça de moletom e tênis de corrida. Tento não olhar muito para seu torso despido e malhado, mas é como se os músculos ficassem chamando minha atenção, acho que tenho uma queda por abdomens definidos. É por isso que fiquei tão viciada em assistir Riverdale nos últimos dias, todos os personagens são incrivelmente malhados.

— Caiu da cama? – Daniel pergunta com um sorriso, tirando os fones de ouvido.

Suspiro, faz dias que ele não sorri para mim, estava parecendo meio preocupado demais, alheio a tudo o que eu dizia.

Ingênua [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora