Capítulo 30: Daniel

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Me sinto zonzo, como se houvesse acabado de levar um soco ao pé do ouvido, o quarto gira duas vezes, e eu me seguro no móvel de cabeceira, buscando equilíbrio

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Me sinto zonzo, como se houvesse acabado de levar um soco ao pé do ouvido, o quarto gira duas vezes, e eu me seguro no móvel de cabeceira, buscando equilíbrio. Como ela pode saber disso?

— De onde você tirou isso? – Pergunto, abaixando o tom de voz, temendo que a Agnes escute. — Devia pensar nas consequências das suas mentiras. – Finjo que sua acusação não passa de uma invenção.

Paola ri alto, se jogando de costas contra os travesseiros da cama.

— Ai, meu amor! Você é engraçado. – Diz ela. — Achou que ia esconder seu segredinho sujo de mim? – Paola arqueia a sobrancelha loira ao me questionar. — Aquela tapada pode até acreditar nas suas boas ações, mas eu te conheço de verdade, desde o começo vi que tinha algo errado nessa sua história de bom samaritano.

— Mais uma acusação sem provas, e eu realmente chamarei a polícia. – A ameaço mais uma vez, não vou abaixar a guarda.

— Você acha mesmo que eu ia atacar se não tivesse provas? – Paola ri novamente, e se levanta da cama. — Reuni tudo o que precisava há algumas semanas. – Ela informa enquanto caminha até sua bolsa, deixada sobre a poltrona. — Eu juro, meu bem, poderíamos viver em paz, e eu jamais te ameaçaria, mas daí você decidiu me colocar para fora que nem uma vira-lata, e eu preciso revidar.

Ela abre a bolsa e retira um chumaço de folhas grampeadas, quando ela se vira para mim tem um sorriso enorme, não do tipo encantador, está mais para o I.T prestes a atacar as crianças no esgoto.

— Se você quer provas, estão aqui as suas provas! – Paola exclama batendo com as folhas contra meu peito.

Passo os olhos sobre a primeira, é uma xerox da minha seguradora, falando sobre os reparos feitos no carro, outras são sobre os exames da Agnes, e no final há algumas fotografias impressas da câmeras de segurança da portaria do condomínio, mostrando a frente do carro amassada, e o para-brisas trincado.

— Fui pegar a correspondência semanas atrás e encontrei a carta da seguradora informando quais foram as restaurações feitas, devido a um acidente ocorrido na noite do dia onze de janeiro, o mesmo dia em que você assinou o contrato com o novo time. – Ela começa a me explicar de onde tirou suas "provas". — Achei estranho, ainda mais pelo fato de estar descrito que eles tiveram que trocar o estofamento do banco traseiro devido as manchas de sangue. Então guardei a carta e comecei a investigar, invadi o quarto da songa-monga e peguei os exames dela, a entrada dela no hospital foi feita na madrugada do dia doze, e foi aí que encontrei a relação. Ela foi atropelada, e você tinha se envolvido em um acidente, foi só somar 1 + 1, e o resultado é que você é culpado.

— Pra quem mais você contou essa história? – Pergunto sentindo minha garganta secar.

Não tem mais jeito, estou em um beco sem saída.

— Umas amigas tem esses mesmos documentos a salvo, então se você decidir bancar o engraçadinho e sumir comigo, a história será publicada na internet na mesma hora. – Ela me ameaça. — Estou precavida, Daniel.

Ingênua [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora