Acredito que a base para um relacionamento saudável seja o respeito e o apoio mútuo, além de estar apaixonado, que é óbvio. Então, por respeitar e apoiar o Daniel, nem mesmo quis saber o motivo de sua briga com o Lúcio, se ele rompeu o contrato foi porque era preciso, e está tudo bem. O único problema disso, é que eu meio que trabalhava para eles, e se agora os dois não conversam mais, eu acho que estou desempregada.
Ótimo, agora estou sem nada para estudar ou trabalhar, uma completa inútil vivendo às custas do Daniel.
Confiro as economias que guardo dentro de um pote na gaveta da mesinha de cabeceira, dá para me virar enquanto procuro algo para fazer, desde que eu encontre algo rapidamente... tipo, em um mês no máximo. Talvez eu possa pedir à Maria para arrumar algo naquele supermercado, ou agora que voltei às boas com o Renato, ele possa me chamar para ser sua social media outra vez. São apenas suposições, até lá o Daniel pode arrumar outro empresário disposto a me colocar na mesma função que eu ocupava antes para o Lúcio.
Me arrumo para ir até a casa da Suzana, primeiro porque não tenho nada para fazer, e além disso, estou sentindo falta dela, o que é estranho até para mim, pois a visitei ainda ontem. Sei que me apego rápido às pessoas, o Daniel vive fazendo piada da minha sociabilidade, mas com a Suzana foi algo diferente, uma conexão à primeira vista que não tive nem mesmo com a Bia. Conseguimos conversar como velhas amigas, mesmo nos conhecendo há pouco tempo, e sendo de idades diferentes.
Coloco o celular no bolso do short jeans para atender caso o Daniel ligue, ele frisou tanto para ter cuidado que estou com um pouco de medo. Assim que desço para a sala, encontro a Neide arrastando os móveis, abrindo o espaço da casa.
— O que vai acontecer aqui? – Pergunto, desviando de última hora de um vaso de cerâmica que quase vira caquinhos quando esbarro o joelho nele.
— Uma faxina daquelas. – Ela murmura, jogando ao mesmo tempo dois produtos químicos dentro de um balde. — Você vai sair?
— Vou sim. – Respondo e cubro o nariz, por conta do cheiro forte de desinfetante. — Irei almoçar com a Suzana, então não precisa se preocupar. – Complemento, com a voz saindo anasalada.
— Hmn, não sei se confio nessa gringa, não. – Diz Neide, enfiando mais um vidro de produto no balde, parecendo quase uma bruxa preparando uma poção. — Não gosto de não entender o que ela diz.
— Deixa de bobeira. – Rio. — Ela é um amor de pessoa.
Só mesmo a Neide para me sair com essa, mas não acho ruim, ela é uma pessoa simples, é normal que sinta estranheza ao ver alguém diferente do habitual
— Nossa, estou quase desmaiando com esse cheiro. – Digo, e dou uma corridinha até a porta, sentindo minha cabeça rodopiar.
Giro a maçaneta, mas ela permanece trancada.
— Neide, abre a porta. – Peço, sem entender o porquê de estar trancada pela primeira vez desde que moro aqui. — Você nunca trancou a porta, o que deu agora?
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Ingênua [COMPLETO]
RomanceSe não fosse pela pequena pulseira em seu pulso, nem seu próprio nome, Agnes, saberia. Sem idade, casa e passado, foi assim que ela despertou deitada em uma cama, numa desconhecida e luxuosa mansão. Agora, sem saber nada sobre si mesma, ela terá de...