Capítulo 14: Agnes

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Permaneço estagnada na sala por um bom tempo e enxugo as lágrimas com cuidado temendo virar um borrado só como quando as protagonistas choram

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Permaneço estagnada na sala por um bom tempo e enxugo as lágrimas com cuidado temendo virar um borrado só como quando as protagonistas choram. Só posso voltar para o quarto se o Daniel me levar, e com certeza ele vai perguntar o que me aconteceu, não posso contar sobre o que o Lúcio fez, eles são parentes de certa forma e estou aqui de favor, sem falar que hoje é a comemoração do Daniel, seria falta de educação minha estragar isso.

Neide passa por mim segurando um balde e para por um instante para me analisar.

— Menina, quase que não te reconheço! – Ela coloca a mão livre sobre o peito e torce os lábios numa expressão admirada.

— Aí Neide, eu sou muito burra. – Comento com a voz ainda embargada.

— Por que, meu anjo? – Pergunta, Neide ao se abaixar para ficar da minha altura.

— Devia ter ficado no quarto. O que deu em mim para querer vir aqui? – Pergunto agoniada querendo voltar no tempo.

— Você é uma menina bonita, tem que ver gente, não pode ficar só trancafiada no quarto assistindo filme. – Ela pisca para mim em camaradagem. — Traz essa cadeira pra cozinha, eu vou guardar esse balde aqui e te levo até lá fora.

Manuseio a cadeira a seguindo em direção a cozinha, Neide me dá uma tigela com salada de frutas para comer, após um sermão sobre "saco vazio não para em pé". Assim que engulo o último pedaço de melão ela ajeita as alcinhas do meu vestido e limpa algo abaixo dos meus olhos.

até parecendo aquelas atrizes de cinema. – Neide brinca e eu rio, não tem como ficar triste perto dela.

— O que eu converso com as pessoas? – Pergunto nervosa, não tenho nada de interessante para falar, já que não posso contar a minha história.

— A mesma coisa que conversa com a gente. – Ela dá de ombros. — Vai virar amiga de todos com esse seu sorriso fácil.

Sem conseguir evitar acabo sorrindo e nós duas rimos alto.

Neide me leva para a parte de fora da casa, e fico aliviada ao ver que Lúcio não está aqui. É o mesmo lugar em que estudo todos os dias perto da piscina, mas está diferente, tem alguns balões enormes nas cores verde e branco dentro da água, e as cadeiras-de-sol foram trocadas de lugar, dando espaço para mais mesinhas com quatro cadeiras cada. Perto da churrasqueira há dois homens que nunca vi, usando aventais pretos enquanto colocam algo no fogo.

Escolho a mesa mais próxima da porta lateral da sala, imaginando que vai ser fácil ir embora sem ser vista caso precise. Neide me ajuda a sair da cadeira de rodas e passar para o banco normal, mas a dobra e deixa encostada na parede ao meu lado.

— Vou buscar um suco para você. – Diz ela e sai antes que eu recuse.

Fico entretida com a decoração, e vejo uma mulher loira com várias tatuagens puxar duas enormes caixas pretas com rodinhas, ela as leva até a outra margem da piscina e começa a ajeitar algo. Neide volta trazendo um enorme copo de suco de goiaba com canudinho verde fluorescente.

Ingênua [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora