Capítulo 43: Agnes

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Fico observando a mudança do tempo pela janela, o dia que amanheceu nublado agora está lançando raios iluminados no quarto, o que me deixa com mais vontade de sair dessa cama

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Fico observando a mudança do tempo pela janela, o dia que amanheceu nublado agora está lançando raios iluminados no quarto, o que me deixa com mais vontade de sair dessa cama. Daniel me deu um "atestado" de três dias, porque segundo ele eu não estou com cara de gente saudável, mesmo a médica me liberando assim que saí do hospital.

Hoje é apenas o segundo dia de ficar deitada na cama, assistindo todo o catálogo de filmes da Netflix. Queria ir até a piscina, depois fazer algum exercício antes de ir para o teatro, mas estou proibida de tudo, e a Neide que se diz minha amiga, concordou com essa ideia absurda.

Eu disse para o Daniel inúmeras vezes que já estou bem, aquilo foi apenas um surto causado por algo que vi e não entendi. Não posso nem mesmo afirmar que vi uma cena real, pois pode muito bem ser uma criação da minha cabeça, bom, pelo menos espero que seja.

O sentimento de medo e aflição foi muito real, me lembro de um homem puxando o meu braço, e o garotinho que sempre associo ao nome Afonso, se metendo na frente para me ajudar. Nós dois gritamos muito, mas ninguém veio ao nosso socorro, e o homem levou ele no meu lugar. Eu sentia a pressão sanguínea nos ouvidos, enquanto escutava os gritos infantis dele, foi então que tudo se tornou escuridão e eu acordei no hospital.

A médica falou algo sobre gatilhos emocionais, alguma coisa que eu tenha visto ou escutado aquela noite me fez relembrar uma memória antiga. Já tentei pensar no que pode ter sido, mas nada me pareceu ser capaz de despertar tal sentimento, e assim, não sei como evitar esse gatilho novamente. Isso me enche de medo, pois ao mesmo tempo que não quero sentir outra vez aquela agonia, é necessário me lembrar daquilo que foi esquecido, preciso ser corajosa, superar esse medo que me impede de mergulhar em minha própria cabeça.

— Afonso. – Digo o nome do garoto dos meus sonhos, como se ele pudesse escutar. — Onde você está? – Pergunto fechando os olhos.

Só desejo uma lembrança exata, qualquer pista do paradeiro dele, para reencontrá-lo e suprir essa estranha falta que sinto em meu peito.

Alguém bate à porta, e eu uso o edredom para secar o canto dos meus olhos lacrimejantes, se o Daniel me ver assim é bem capaz de me obrigar a ficar mais alguns dias de repouso.

— Posso entrar? – A voz desconhecida e feminina pergunta.

— Pode sim. – Respondo, jogando meus cabelos para o lado, afim de parecer apresentável.

Camila enfia metade do corpo para dentro do quarto, e eu arqueio as sobrancelhas, não esperava por sua visita. Por só termos conversado uma única vez ainda não memorizei a sua voz, mas devia ter entendido de imediato que esse sotaque só poderia ser dela.

— Bom dia. – Ela me saúda, e fecha a porta atrás de si. — Fiquei sabendo que está acamada, e decidi fazer uma visita.

— Muito gentil da sua parte. – Digo com sinceridade, não esperava isso dela. — Mas não estou doente de verdade, é só exagero do Daniel.

Ingênua [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora