Capítulo 21: Daniel

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Dizer que a convivência entre a Paola e a Agnes piorou no último mês é um eufemismo

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Dizer que a convivência entre a Paola e a Agnes piorou no último mês é um eufemismo. Às vezes penso em amarrar as duas em camisas de força e mandar direto para a ala psiquiátrica de algum hospital.

Não me surpreende a Paola estar envolvida em qualquer discussão num raio de dez quilômetros, mas me assusta que a Agnes rebata tudo em pé de igualdade. Ela costumava ser tão sensata e calma, não sei como tal característica pôde destoar tanto depois da chegada da outra.

Sei que às vezes que a Paola é a responsável pela origem do conflito, conheço muito bem a minha namorada. Só que como a Agnes continua no seu showzinho de me dar um gelo, não a defendo nem quando está certa, se ela quiser que eu me intrometa é bom desafazer o bico e voltar a falar comigo como antes, não vou ficar correndo atrás de ninguém.

Por sorte estou há três dias alojado no centro de treinamento em concentração*, me preparando psicologicamente e fisicamente para a final do campeonato estadual. Então, não sei se elas já se mataram, pelo menos pedi para que a Neide ligasse para a diretoria do time caso houvesse derramamento de sangue. Só as verei novamente amanhã ao final da tarde, depois que acabar o jogo. A Bia virá, e com certeza a Agnes estará com ela, pois são como irmãs agora. Já a Paola tem ido a todos os meus jogos sem falta, não será diferente na final.

Infelizmente, estar trancafiado aqui não me priva também das visitas do Lúcio. Me levanto da cama rolando os olhos quando ele bate na porta do quarto.

— O que foi? – Pergunto sem sutilezas encarando o rosto enrugado dele.

— Boa noite para você, Daniel. – Diz ele com ironia entrando no quarto.

Fecho a porta ao ver que não terá como colocá-lo para fora.

— Amanhã é o último jogo, a psicóloga me mandou ficar quieto e meditar. Se meu rendimento cair a culpa é sua. – Acuso me jogando na cama outra vez.

Pego a revistinha com jogos do sete-erros que sempre levo comigo na mochila para ocasiões assim. É meu jogo favorito desde pequeno, depois do futebol, é claro. Recomeço a vasculhar com os olhos a imagem do hospital a procura das diferenças até que as páginas são tomadas das minhas mãos.

— Mas que merda, Lúcio! – Exclamo irritado. — O que te deu na cabeça para vir encher meu saco?

— Fui na sua casa, agorinha mesmo. – Explica ele.

Ah! Que merda.

Durante esse mês tentei a todo custo evitar que Lúcio colocasse os pés na minha casa, quando ele se atrevia a ir de qualquer maneira, eu mandava a Paola ao shopping com um cartão e ela sumia por horas, evitando assim que os dois se esbarrassem.

— O que aquela maria-chuteira de marca maior está fazendo lá? – Pergunta ele me encarando após jogar a revistinha no chão.

— Não sou casado com você, Lúcio. – Desvio de assunto sem a mínima vontade de dar justificativas a ele.

Ingênua [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora