Capítulo 42: Daniel

585 110 221
                                    

Começo a pensar que a única solução para a minha vida seria uma guerra diplomática entre o Brasil e toda a Europa, talvez assim eles bloqueassem os voos de lá para cá, evitando que problemas como esse chegassem até mim

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Começo a pensar que a única solução para a minha vida seria uma guerra diplomática entre o Brasil e toda a Europa, talvez assim eles bloqueassem os voos de lá para cá, evitando que problemas como esse chegassem até mim. Mas enquanto isso não acontece, estou sentado no sofá da sala da minha mãe, de frente para sobrinha do Lúcio e filha do Mauro, a Camilla.

Não é que eu odeie a Camilla, muito pelo contrário, ela é a única pessoa da família do Lúcio que eu realmente gosto. No entanto, temos uma história, algo que aconteceu há muitos anos, e depois do que a Paola fez quando voltou, estou traumatizado, não quero ficar ressuscitando velhos casos. Mantenho meu olhar na Agnes, sentada na poltrona solitária, uma armação da minha mãe, que faltou pouco empurrar ela quando nos sentamos.

E por falar na criatura responsável por armar essa situação, ela está cobrindo a Camilla de elogios, citando cada feito dela enquanto advogada de um grande time português. Sei muito bem onde ela quer chegar com essa história, não é de hoje que minha mãe tenta forçar algo entre a sobrinha do marido e eu. Em outras épocas, eu até achava interessante e me aproveitava um pouco da situação, entretanto, as coisas mudaram, eu estou com a Agnes, e gostando de como estamos levando as coisas. Portanto, 0 chances de dar algum moral para a Camilla, se esse foi o objetivo da viagem dela, já pode pegar o primeiro avião de volta para Portugal.

— Pretende ficar muito tempo, Camilla? – Pergunto, fazendo minha mãe se calar por hora.

— Apenas três semanas, infelizmente não estou de férias, vim à negócios. – Diz ela com o português carregado de seu sotaque nativo.

Fico imaginando que tipo de negócios ela pode ter a resolver no Brasil, uma vez que quem cuida da fortuna da família deles é o Mauro, e ela trabalha com direito desportivo.

Murmuro um "ah", fingindo ter entendido, e deixo que minha mãe volte a falar sobre a vida na Europa, como se algum dia ela tivesse morado lá, e não apenas ido de férias por curtos períodos. Me viro para o lado, entediado de toda essa conversa sem conteúdo, e encontro a Agnes a ponto de cochilar sentada. Ela é do tipo que dorme cedo, e pensando bem, já está passando da hora de ir para casa.

— A noite foi ótima, mas eu tenho treino amanhã. – Dou a desculpa pronta, já me levantando, até a Agnes que já está para lá de Bagdá, se levanta em um pulo.

— Tem razão, Daniel. – Lúcio concorda. — Já excedeu demais o seu horário. – Diz em tom de repreensão, como se eu tivesse insistido para vir aqui.

— O tempo passou tão rápido que eu nem mesmo percebi. – Minha mãe comenta, cheia de sorrisos.

Me despeço do Lúcio, e assim que me aproximo para abraçar a minha mãe, ela sussurra em meu ouvido que quer conversar comigo. Quando eu era pequeno, essa simples frase me dava arrepios, porque queria dizer "lá vem surra", agora penso, "lá vem merda".

A acompanho até o escritório do Lúcio, sob a desculpa que ela quer minha opinião sobre a organização do meu aniversário. É obvio que ninguém acredita nisso, primeiro porque meu aniversário é só em agosto, daqui quase dois meses, e em segundo, eu jamais chamaria ela para organizar a comemoração.

Ingênua [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora