Capítulo 22: Agnes

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Desligo a televisão no instante em que começa uma cena de beijo no filme, e isso faz com que a Neide pare de remover a poeira da mesinha de centro para rir da minha cara

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Desligo a televisão no instante em que começa uma cena de beijo no filme, e isso faz com que a Neide pare de remover a poeira da mesinha de centro para rir da minha cara.

— Ontem você disse que não ia mais assistir a sua série favorita porque tinha beijo demais, e agora desliga o filme quando começa uma cena de beijo? – Ela pergunta colocando o espanador no enorme bolso do avental. — Estou te estranhando. – Ela arqueia a sobrancelha escura para mim, parecendo avaliar minha reação.

— Deixa de paranoia, Neide. – Murmuro me levantando apoiada na única muleta que tenho usado nas últimas semanas. — Só me lembrei que tenho de revisar um conteúdo de história para um simulado que irei fazer amanhã.

— Ah, pensei que tinha a ver com aquele beijo que você deu no Renato no dia do jogo. – Ela provoca com tom de riso.

— Eu não beijei ele. – Retruco enquanto lhe dou as costas e sigo em direção ao escritório no corredor.

Não estou verdadeiramente brava com ela, só estou evitando pensar nisso como tenho feito desde o domingo. Por isso fujo de cenas de beijo na televisão, bloqueio meus pensamentos e ignoro as mensagens do Renato há quatro dias.

Entro no escritório e fecho a porta buscando um pouco de privacidade, logo a megera loira irá sair da academia e a paz irá embora pela janela.

Me sento na poltrona e ligo o computador, no mesmo instante a notificação de mensagem se acende da tela do meu celular. Felizmente é apenas uma marcação da Bia numa foto, abro e vejo que é uma conta de fofoca que postou um clique meu enquanto o Renato me beijava. Na legenda está: "jogador comemora o gol da vitória com beijo de cinema em uma garota misteriosa da arquibancada". 

Já vi várias fotos dessa publicadas, pelo visto não há privacidade quando se beija alguém potencialmente conhecido pela mídia.

Analiso a foto mais uma vez e automaticamente levo o dedo aos lábios, me lembrando da pressão da boca dele junto a minha. Foi um beijo apressado, repentino, suado e cheio de espectadores... nada como eu imaginei para um primeiro beijo. Não estou chateada com o Renato por isso, eu teria o beijado por livre e espontânea vontade, mas gostaria que realmente tivesse sido um beijo de cinema como estão falando por aí. Na hora eu reagi como uma tábua, ou melhor, não reagi, fiquei lá parada enquanto ele me puxava pela cintura e espremia os lábios finos junto aos meus.

Deus... que vergonha. Como vou encarar ele agora? Não posso tocar nesse assunto sem fazer com que ele acabe recordando minha reação patética, portanto irei fugir dele até que isso seja esquecido.

Envio para a Bia um emoji nervoso e ordeno que ela pare de me marcar nessas fotos, ou ela irá passar de melhor amiga no mundo, para maior inimiga da galáxia.

Aproveito que estou sozinha e decido me preparar, talvez um dia, quando essa vergonha passar, eu tente beijar outra vez, um segundo primeiro-beijo, um pouco mais digno, que eu esteja consciente de que irá rolar e corresponda corretamente.

Ingênua [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora